João Gilberto tem shows confirmados em cinco capitais do país
Baiano vai tocar em São Paulo, Rio, Porto Alegre, Brasília e Salvador.
Apresentação na capital paulista foi anunciada para 5 de novembro.
Theatro Municpal do Rio de Janeiro, em agosto de
2008 (Foto: AFP)
O cantor João Gilberto fará apresentações em cinco capitais brasileiras ainda neste semestre. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa responsável pela turnê, que vai passar por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Salvador.
Por enquanto, o único show com data e local divulgados é o da capital paulista. O músico baiano, que completou 80 anos no dia 10 de junho, toca na Via Funchal em 5 de novembro.
Ainda segundo a assessoria de imprensa, demais datas e valores dos ingressos serão divulgados esta semana.
Avesso aos holofotes e à mídia, João Gilberto se apresentou no país pela última vez em 2008. Na ocasião, foram comemorados os 50 anos do surgimento da bossa nova, gênero do qual é considerado precursor e maior difusor ao redor do planeta.
Batida inconfundível
Sua principal característica é a forma de tocar violão, que até hoje influencia inúmeros artistas nacionais e internacionais. Reza a lenda que foram meses ensaiando exaustivamente até encontrar esta batida ideal e o jeito singular de cantar, que eliminava os vibratos, a impostação, a potência e tudo o mais considerava excesso. Adaptou à essa nova forma de cantar e tocar as melodias de Tom Jobim e as letras de Vinicius de Moraes. Estava criada a bossa nova.
O "laboratório" de João seria o álbum "Canção do amor demais", lançado por Elizeth Cardoso em 1958, só com composições de Tom e Vinicius. Não à toa, o disco, que já trazia o violão sincopado do músico baiano nas faixas "Chega de saudade" e "Outra vez", é considerado o marco inicial da bossa nova.
Entretanto, a voz do cantor só apareceria em agosto de 1958, num compacto simples com os clássicos instantâneos "Chega de saudade" e "Bimbom" — meses depois, lançara outro petardo bossanovístico, o também compacto "Desafinado" e "Oba-la-lá". Somados, a voz e o violão de João Gilberto acabaram por consolidar o estilo, que veio a ser um dos principais expoentes da música brasileira. A partir de então, a bossa nova revelaria e consagraria toda uma geração de músicos brasileiros, como Nara Leão, Carlos Lyra, Luizinho Eça, João Donato, Roberto Menescal, Baden Powell e Johnny Alf, entre outros.
"O mito"
Se as aparições públicas, shows e entrevistas de João Gilberto tornaram-se raridade, o mesmo também pode-se dizer sobre sua discografia em CD. Apenas seus discos mas recentes, caso de "João Gilberto Prado Pereira de Oliveira" (1999) e "João voz e violão" (2000), podem ser encontrados com alguma facilidade no mercado brasileiro. Uma outra parte está disponível na internet para importação, como "Brasil" (1981), que gravou com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia. Mas os trabalhos essenciais do músico, que ajudam a entender sua importância e a reverência de tantas gerações, praticamente desapareceu.
Tudo começou depois do lançamento de "O mito", em 1992. Compilado pela gravadora EMI, que detém os direitos sobre o catálogo do cantor, o álbum reúne os três primeiros LPs de João, "Chega de saudade" (1959), "O amor, o sorriso e a flor" (1960) e "João Gilberto" (1961), mais o EP "Orfeu da Conceição". O projeto despertou a ira do artista, que reclamou da remasterização e do fim da sequência original das faixas. Começava então uma briga judicial entre as partes, que não tem previsão para acabar. Perdem os fãs e a MPB, que deixa de ver circular parte da história musical do país e a gênese de um estilo festejado no mundo todo.
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