quinta-feira, 11 de agosto de 2011

LUTA CONTRA TORTURA CONTINUA

Surpreendente!
 
Na página 23 de O GLOBO de hoje (11.08) um anúncio de quase 1/4 de página, assinado pelo movimento TORTURA NUNCA MAIS, surpreendeu aos leitores.
O anúncio convoca a população para a missa em memória do engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira, morto há 40 anos, no Hospital Central do Exército, vítima de brutal torturas nas dependências do DOI-COD da Barão de Mesquita, na Tijuca.
 
Um dia antes, recebi da amiga jornalista Jane Alencar, uma convocação para um Ato de Desagravo no Palácio Rio Negro, em Petrópolis, às pessoas que foram torturadas no regime militar.
 
"O diretor do palácio, Aluysio Robalinho, ficou conhecendo minha história, e de tantos outros, e quis fazer esse desagravo. Vou em nome do Lucimar, do padre Henrique, do Marcos, da Fátima, do Marcus Venício, do Bené, do Araken, do Zenildo, do Maurício, do Manoel Lapa, do Zé Carlos da Mata Machado, do "seu" Clóvis - corajoso sobrevivente da ditadura e hoje com 103 anos -, do Clóvis, Nancy, Lenine e de tantos outros amigos e conhecidos que sofreram nas prisões a covardia e a doença dos torturadores e que perderam um pouco da fé no ser humano, ou que perderam a própria vida, tão jovens, e que nós amávamos tanto!", dizia o e-mail da Jane.
 
Imediatamente o amigo José Carlos Lacerda, chefe de gabinete da Presidência do Clube de Engenharia, enviou ao mesmo grupo um e-mail.
 
"Na ocasião da ditadura, perdi um grande amigo, que lamento até hoje, Raul Amaro Nin Ferreira, torturado e encontrado morto pelo tio militar em estado deplorável no Hospital do Exército em 1973. A família dele na época promoveu um processo contra a União, afinal, depois de longos anos, ganha na Justiça. A mãe dele abriu mão da indenização ganha, por que o único objetivo da família era reparar moralmente  o crime cometido. Ele era um líder, um intelectual tipo Leonardo Boff, que fez e faz muita falta até hoje ao país, á sua famíla e a mim, que fiquei órfão da amizade dele. Minha luta, dentro das minhas possibilidades, pela redemocratização do país no Clube de Engenharia foi muito motivada pelo fato de que a gente não pode deixar repetirem-se esses crimes contra a humanidade. Tortura é crime imperdoável e inanfiançável, seja qual for o regime ditatorial", escreveu o Lacerda. 

No ato de Petropolis, fizeram companhia a Jane o Leonardo Boff, o secretário de Direitos Humanos, o presidente da Comissão de Anistia.
 
Na ocasião foi reforçado o pedido de tombamento da "Casa de Horrores" de Petrópolis, como ficou conhecida a mansão utilizada pelos torturadores para arrancar confissões dos presos políticos. Essa casa, de triste memória, deverá ser transformada em um museu de resistência a essas práticas doentias utilizadas pelos regimes ditatoriais.
 
Para  Jane Alencar, "a tortura é um ato de extrema covardia e deixa sequelas profundas  - físicas e emocionais. Mas, apesar desse período de trevas, nós sobrevivemos, resistimos e - o que é melhor - ainda lutamos por um Brasil mais humano e justo."
 
Fé na vida!
 

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