A cantora japonesa Mako exibe em show sua paixão pelo samba e pelo Brasil
Plantão | 29/01 às 08h40 João Pimentel
RIO - Quando a terra tremeu em Kobe, devastando a cidade japonesa em 1995, Masako Tanaka já era uma cantora apaixonada pelo Brasil. Havia cantado em um grupo de bossa nova sem saber o que era Corcovado, banquinho ou violão, até ver numa loja um disco de Clara Nunes apresentada como "a rainha do samba". Mas foi o tremor do dia 17 de janeiro daquele ano que realmente sacudiu a vida de Mako, como a cantora ficou conhecida. Hoje, às 19h, e amanhã, às 18h, no Teatro Café Pequeno, ela vai lembrar essa e outras histórias de sua relação com o Brasil, onde se formou em percussão no Monobloco e em aulas com Robertinho Silva, lançou um CD e virou integrante do bloco Exalta Rei e do grupo Mulheres de Chico.
- Ao perceber que eu poderia ter sido soterrada, decidi que correria atrás dos meus sonhos, tinha que aproveitar a vida. Quando acontece uma tragédia dessas na sua cidade, no seu país, todo mundo perde - lembra Mako. - E como eu poderia continuar cantando "A voz do morro" sem saber o que era um morro?
Mako já havia cantado jazz, fado, todo tipo de música. A bossa nova surgiu em um teste com uma banda e a atraiu por causa do balanço, do sincopado. Foi o ponto de partida para ela se aprofundar na música brasileira:
- Quando ouvi a voz de Clara Nunes, comecei a chorar. Então montei um grupo chamado Telecoteco e comecei a pesquisar.
O terremoto foi o epicentro da mudança, mas só cinco anos depois ela chegou ao Rio. E, mesmo assim, a primeira estada não valeu.
- Vim para a casa da mãe de uma brasileira que conheci em Kobe. Achei o máximo ficar na casa de um carioca, mas ela morava em Ramos. Viajei pelo Brasil porque uma companhia de aviação estava com uma grande promoção. Então fui a Manaus, Recife, Fortaleza, Belém... Fiquei um pouco deprimida por estar no Rio num lugar distante.
Mako regressou para o Japão sem falar português, com pouco contato com a música, mas determinada a voltar. Juntou dinheiro e veio de novo. Dessa vez para Copacabana. Aí começou seu sonho brasileiro, que ela vai lembrar nos shows do Café Pequeno, onde irá cantar músicas do CD "Algumas cores", lançado no fim de 2010, com participações de Roberto Menescal, do baterista e percussionista Robertinho Silva e do grupo brasileiro que a acompanha, Sushi na Brasa. O repertório atesta que ela aprendeu o riscado: "O bêbado e a equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc; "Verde", de Eduardo Gudin, que ela cantava ainda no Japão; "Nação", outra de Aldir e Bosco, com Paulo Emílio, do repertório de Clara...
- Nunca pensei em cantar no Rio. Não sou carioca da gema - brinca, em carioquês.
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