A morte é realmente uma senhora ingrata. Chega de solapa com sua foice afiada e nos deixa com aquela cara de “e agora José?”
Desta vez, a senhora sinistra levou um guerreiro elegante. Morreu quarta-feira (15.04) o jornalista, escritor, músico e pensador Kido Guerra, 49 anos, jornalista, escritor, músico, teatrólogo, pensador e ex-editor do Correio Braziliense morreu quarta-feira (15.04).
O enterro foi nesta quinta-feira, 16 de abril, no cemitério Boa Esperança, na presença de amigos e companheiros das redações de Brasília.
À memória do Kido, dedico esses três poemas cardiográficos que falam das artimanhas deste involuntário do peito.
Tempestade cardíaca
deixei meu coração à beira da tua cama
fui ali cantar com as cigarras do outro lado da lua
chorei tanto
que estrelas caíram do meu peito nublado
salpicando os caminhos
de raios-relâmpagos & verdades recordações
MorrerViver
quando morri, nasci
da bolha d`água onde vivia
berrei o sopro de um fim
com a terrível luz do dia
um dia fui feto e morri
bebi líquido ameniótico
fui anjo da própria mãe
acalmando-a das neuroses
mundo rodando e eu ali
borbulho de um rei vítreo
quente o feto faz do giro
seu último e futuro filho
quem nasce é porque morre
do aquático mundo velho
a dor é gélida na passagem
água é morna o ar é melhor
tempo feito sem memória
o afeto é mais que células
das sensações nasce a mãe
o feto apenas morre delas
Involuntarioso
coração, órgão bomba
bicho-doido solto sombra
involuntário da pátria
que horas são coração?
coração mais sem graça
faz veneno sangue bom
vai bombando toda ação
nem avisa as ameaças
vem coração, sem trapaça
vem dar tua artéria à tapa
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Um comentário:
Turiba querido, como são bons seus poemas, como é triste a memória do guerreiro elegante que sempre foi o Kido. Sinto falta de abraços. Paulinho
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