terça-feira, 28 de abril de 2009
Flamengo sempre hei de ser
Não tem aquelas coisas que a gente tem de fazer antes de morrer pra justificar o karma da existência? Então: o mercado editorial está cheio de livros sobre isso: os cem melhores lugares pra você conhecer; os 10 pratos a saborear; as 50 inesquecíveis músicas; e por aí o papo segue noite a dentro.
Dia desses, proseando fiado com o professor e senador Cristovam Buarque sobre o tema, falamos de alguns episódios extraordinários das nossas vidas que, sem dúvida, colocaríamos em primeiro lugar num currículo pessoal, mas que do ponto de vista profissional não tem o menor valor para a atividade que desenvolvemos.
Alguns desses fatos, aliás, se você colocar no currículo, pode sujar, diminuir ou eliminar de vez suas chances de alcançar seu objetivo, quer seja uma vaga em alguma empresa ou um cargo público executivo ou legislativo.
O professor citou como exemplo de fato magnífico, sua participação em uma Maratona de Nova Iorque. Realmente um acontecimento esportivo e cultural que merece lugar de destaque em qualquer currículo. Atravessar as pontes de Manhatan e olhar lá de baixo seus arranhas-céu, ao mesmo tempo que você testa o pique físico ouvindo jazz, blues e canções de Cole Porter, é sem dúvida um charme curricular transcendental. Quem já fez, sabe. Quem não fez, que faça.
Se não cortei “New York New York” suando bicas, ao menos já atravessei várias vezes a Marquês de Sapucaí cantando, dançando e o que é melhor; tocando. Tocar em baterias de escolas de samba do Rio, num domingo ou numa segunda de carnaval, é fato que deixar qualquer ritmista garboso. Aliás, desfilar no sambódromo deveria ser experiência obrigatória para qualquer ser humano, ao menos uma vez na vida.
O que dizer, então, de tocar cuíca na bateria da Estação Primeira de Mangueira, hein?! A bateria nota 10, a que marca com um surdo só, dando a impressão que o samba está sempre em ascensão. Avançar, parar, recuar. Ver a escola passar no ritmo que você faz por uma hora e meia; o pessoal da Velha Guarda, os requebros da rainha, o rodopio do mestre-sala e porta-bandeira. Nossa!, melhor do que isso só montar por 30 segundos um touro bandido no rodeio de Barretos ou chegar no topo do Himalaia vestindo a camisa da Seleção Brasileira. Ufá!
Bem, mas pra que serve tudo isso num currículo profissional? Sabe-se lá? Podemos até falar em currículo espiritual, sentimental, astral. O certo é que prossigo colecionando ações extra-curriculares que aparentemente não vão me dar um cargo no céu, digo, senado.
Domingo último, por exemplo, fui ao Maracá torcer pelo Mengão no primeiro jogo da final do campeonato carioca contra o Botafogo. E aí, de repente, me vejo envolto num espetáculo de fibra, raça, amor e paixão que é a torcida do Flamengo. Aquela massa de gente forma a maior e mais plástica de todas as torcidas do mundo, batendo até os “locos” do Corinthias, com o Fenômeno é tudo.
“Cadê você, cadê você” é o nome hit pra empurrar o time pra cima do adversário. E todo mundo canta, grita, pula. Tudo em vermelho e preto resplandecendo em bandeiras e cartazes.
Ah, lembro-me dos idos históricos anos 80 quando o time tinha Rondinele, Júnior, Adílio, Zico, Bebeto, jogava por música e foi campeão mundial em Tóquio. Coitado do adversário que fazia um gol no Flamengo. A torcida reagia imediatamente, fazia em uníssono aquela tenebrosa vaia silenciosa, aquele mugido que invadia a espinha do time adversário, e a bola ia rolando, rolando, rolando até chegar à rede contrária. Gooooool!!!!
Sim, naquele tempo tínhamos um time invencível, parecia o Santos do tempo de Pelé. O Flamengo de hoje não é ainda do que poderíamos chamar de timaço. Mas a torcida, essa sim, é incrível. Apesar do time está capenga em campo, perdendo de 2 a 1, empurramos os jogadores para a área do Botafogo aos gritos de “vamos virar, Mengão; vamos virar”. Se não virou, empatou aos 40 do segundo tempo.
Os golzinhos contra do zagueiro do Botafogo têm a minha, a sua, a participação de milhões de torcedores. Fomos nós, abraços e emocionados, que explodimos o Maracanã com o hino do Lamartine Babo: “eu teria um desgosto profundo, se faltasse o Flamengo no mundo.”
É gente, ser torcedor do Flamengo talvez venha a ser o ponto mais alto do meu currículo vivencial. Não me dá emprego, nem mordomias, nem aposentadoria. Mas viver sem torcer por ele não sei não. Lamartine Babo tinha razão: “uma vez Flamengo, sempre Flamengo. Flamengo sempre hei de ser.” E assim seremos.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
"BICO DA TORRE” É UM HINO À BRASÍLIA
A música “Bico da Torre” foi feita há mais de 20 anos pelo cantor Renato Matos em cima de um poema de minha autoria. Considero a nossa melhor parceria, entre tantas que temos.
Depois que Renato tornou a música pública, lá pelos anos 80 pra 90, a primeira cantora a se apaixonar por ela e incluí-la no seu repertório foi Zélia Cristina, hoje Zélia Duncan.
Quando foi ao Rio de Janeiro num espetáculo sobre Brasília, Zélia cantou “Bico da Torre” de uma forma encantadora e os cariocas a aplaudiram entusiasticamente. Foi naquele museu ali da Praça XV.
Depois, foi a cantora Célia Porto que cantou “Bico da Torre” magistralmente também e a sua versão está no CD do meu livro “CADÊ?”, de 1998.
Os Renatos Matos e Vasconcelos também fizeram versões incríveis da canção. Considero esta música um verdadeiro hino à Brasília, ao seu espaço, a sua gente, sua claridade, ao seu vazio repleto de luz e esplendor.
Agora, a cantora Janete Dornelas nos presenteia com uma novíssima versão, classuda quase sinfônica, com sua voz de cigarra em corpo de Carmem. Genial. Compartilho com vocês, a versão de Janete que está no youtube. Vale a pena conferir.
http://www.youtube.com/watch?v=aFYMAOKPMow
Para quem não sabe, aí vai o meu poema
Bico da Torre
Luis Turiba
A sombra do bico da Torre na terra
faz o ponteio
que marca o preciso momento e o destino
da gente se amar
São flocos de nuvens que pairam
no céu de Brasília
dão na vista textura arquitetura obra de artista
São blocos caiados de branco
banhados de chuva e de luz
necessidade nessa cidade
de afeto é o que conduz
Me induzo a ficar a pensar
que sou o céu
e o bico da torre é a antena
que marca o momento apenas
(música de Renato Matos)
Biblioteca Nacional é território livre da poesia
Uma prova de que a poesia em Brasília tem endereço certo na capital, foi a realização do último Tributo ao Poeta, em homenagem ao poeta Ronaldo Costa Fernandes.
Apesar da chuva pesada que engarrafou o trânsito e transtornou a noite de sexta-feira, 24, em Brasília, nada atrapalhou o sucesso do evento estrelado pelos jornalistas Paulo José Cunha, Ariosto Teixeira e Luis Turiba, e pelo ator e diretor teatral Guilherme Reis.
Na platéia estavam o cineasta Vladimir Carvalho e a escritora Lucília Garcez; os poetas João Carlos Tavares, Menezes y Morais e Salomão Sousa; os jornalistas Clóvis Senna, Sérgio de Sá e Beth Cataldo, e o escultor Omar Franco, entre outros. Sobre o Tributo a Costa Fernandes, Menezes y Morays que é também jornalista, exclamou duas vezes: “Mas que formato espetacular o deste recital, hein?”.
Clóvis Senna, que foi jornalista político durante muitos anos em Brasília e hoje é poeta e escritor, lamentou ter chegado tarde, mas disse que não seria a chuva pesada nem a dor lombar de que tem padecido que o impediriam de ir prestigiar o poeta que conhece e admira o trabalho há muito tempo.
Sérgio de Sá, colunista literário do Correio Braziliense e admirador confesso da obra de Costa Fernandes, disse ter gostado do recital, mas reclamou do dia escolhido para a homenagem, sexta-feira, quando, observou, jornalistas não conseguem sair cedo das redações e as pessoas em geral têm outros programas agendados. A jornalista de economia Beth Cataldo comentou ter gostado muito do pocket show, porém queixou-se de não ver os livros do homenageado à venda ali mesmo.
No entanto, o público recebeu gratuitamente exemplares do Livro na Rua, coleção publicada pela Thesaurus Editora e no caso da poesia de Ronaldo Costa Fernandes, preparada por Paulo José Cunha.
Outra novidade apresentada pelo diretor da BNB, Antonio Miranda, na abertura do recital, foi a obra da série Esculturas Fáceis. Doada por Omar Franco e já devidamente instalada no jardim interno do 1º andar do prédio, foi visitada por muitos dos presentes, durante o coquetel oferecido após o Tributo.
Miranda pôde também anunciar o lançamento da Rede de Amigos da Biblioteca, proposta pelo funcionário de carreira do STJ Bruno Paranhos, que expôs o projeto à platéia e o inaugurou, doando simbolicamente dois livros à Biblioteca. Ao final do recital, o poeta Ronaldo Costa Fernandes subiu ao palco e elogiou a determinação com que Antonio Miranda tem tocado o projeto ultramoderno da BNB, assim como o esforço que faz de manter dentro dela um espaço dedicado à poesia. “Aliás, o nome do projeto mensal devia ser Tributo à Poesia e não ao poeta”, observou Fernandes, que elogiou também a performance de cada um dos quatro apresentadores do espetáculo, ressaltando que suas leituras melhoraram a sua poesia.
sábado, 25 de abril de 2009
E AGORA LULA, QUEM SERÁ O VICE DE DILMA?
Quem será o vice de Dilma nas eleições de 2010?
Sérgio Cabral, Michel Temer, Aécio Neves, Fernando Gabeira, Gilberto Gil, Jose Dirceu, José Sarney, Gilmar Mendes,
Baruã do "Caminho das Índias". Enfim, dê seu palpite...
"O NIILISTA MEDROSO", novo poema de Ariosto Teixeira
Por Luis Turiba
De vez em quando nos deparamos com um poema de sotaque diferenciado. Um desses "inutensílios" que surgem de repente para nos desnudar, quer pelos toques linguísticos da levada, ou pelas verdades intrínsicas contidas em suas mensagens. Poemas que, como diria Drummond, "falam alheiamente do sentimento do mundo".
Foi o que me aconteceu quando ouvi pela primeira vez, há três meses, o poema "O Niilista Medroso", do poeta Ariosto Teixeira, o nosso querido "Tchê".
Senti sua força no recital "PALAVRA SOLTA", um encontro de poetas que acontece (e continurá acontecendo, pois poetas precisam se encontrar para mostrar suas e outras peças), no CAFÉ MARTICINICA, na 103 Norte. Ali, Ariosto leu pela primeira vez seu poemão e, repórter que sou, fotografei o momento que compartilho agora com vocês neste blog.
O "Niilista Medroso" faz parte de produção de um novo livro de poemas em preparação e que deve ser lançado em 2010.Ariosto Teixeira publicou em 2006 "Poemas do Front Civil", RJ, Ed. 7 Letras, contos e poemas nas revistas brasilienses Bric-a-Brac e Há Vagas (anos 80), participou da antologia Poemas (1990), do Coletivo de Poetas do DF e "Candieiro", 1976, coletânea de contos de escritores gaúchos.
Jornalista e mestre em Ciência Política pela UNB, ex-colunista de O Estado de S. Paulo, é atualmente analista política da Factual/Broadcast, serviço de análise política em tempo real da Agência Estado. Em 2001 publicou o ensaio "Decisão Liminar: a judicialização da política no Brasil", Brasília, Ed. Plano.
<ariosto.teixeira@gmail.com>
Poeta fala sobre o "inverno nuclear" e outros medos
Ariosto Teixeira
Às vezes você se pergunta
Olhando o rosto no espelho
Se o reflexo é verdadeiro
Ou se a verdade é o corpo
Parado no meio do banheiro
Você acha que sabe bem o que é
Você acha que sabe bem o que quer
Você acha que sabe quem você é
Mas você sente medo
Medo de não ser você no espelho
Medo de ser mero reflexo
Do outro que consigo parece
Você não tem medo de sexo
Você gosta de sexo
Você sonha com sexo
Você procura fazer muito sexo
Sexo à distância
Sem beijo sem fluido
Higiênico e sem lirismo
Seguro como sexo com prostituta
Você de frente ela de costas
Ela por cima de costas
Você por baixo de costas deitado
É que você tem medo
Do ataque de um vírus complexo
Medo de gravidez
Medo de se apaixonar irremediavelmente
Medo de perder o controle
Medo de assumir o controle
Medo de que tudo enfim faça nexo
Você acende e apaga o cigarro
Com medo de pegar câncer de pulmão
Medo de apagar a luz
Medo de acender a luz
Medo de desligar o alarme
Medo de abrir o portão
Medo de ladrão policial pivete
Medo de colisão
De atropelamento
De ataque do coração
Medo de padre
Da certeza cristã absoluta
Da democracia liberal
Da esquerda latina
Medo da nova direita francesa
Medo do presidente americano
Medo da falta de medo do terrorista muçulmano
Medo de ser fragmentado por um raio da Al Qaeda
Medo da China capitalista
De milho transgênico
De buraco negro
De carne vermelha
Medo da falta de limite da física quântica
Do aquecimento global
Da inteligência artificial
De velocidade acima do permitido
De remédio de quinta geração
Da globalização
Do fim da globalização
Da falta de sentido
Medo de que Deus provavelmente não exista
De não haver outra vida
Você tem medo de ficar sozinho
Sem ninguém nem final feliz
Ah mas você confia no amor
O terno e doce amor
Do homem pela mulher
Do homem por outro homem
Da mulher por outra mulher
Do homem pelos animais
Da humanidade pela natureza
Você confia no amor das criancinhas
Você pensa nessas coisas
E por um instante
Acha que nada está perdido
Que o amor salvará o mundo
O amor romântico como no cinema
Como em um soneto de Shakespeare
Apesar da podridão no reino terrestre
Mas quanto tempo dura o amor
Antes de se dissolver em tédio
15 minutos uma tarde inteira uma noitada?
Você odeia sentir isso assim tão sentimentalmente
Mas é impossível ser de outro modo
É preciso agarrar-se a algo
Não ter medo de que o vazio
Tenha se espalhado em todos os quadrantes
O fato indiscutível é que você tem medo
Medo muito medo
De ficar vivo durante o inverno nuclear
Você principalmente tem medo
Do que um dia vai fazer
Quando ao anoitecer
O seu rosto tiver desaparecido do espelho do banheiro
Susan Boyle, a popinha feita tá com tudo e não tá prosa
Sensação da internet, Susan Boyle conquista os fashionistas.
'Patinho feio', cantora escocesa é a nova promessa da música pop.
Estética ‘senhorinha’ de Susan é tendência, diz consultora de moda.
Susan Boyle pode até ser feia, mas está na moda. A escocesa gordinha que comoveu os jurados de um show de calouros na Inglaterra com sua voz poderosa e virou sensação da internet, quem diria, é a atual paixão dos fashionistas.
Na última sexta-feira (24), ao ser fotografada com novo visual, que incluiu tintura chocolate nos cabelos grisalhos e um cachecol com o tradicional “xadrez Burberry”, Susan foi alvo de polêmica na imprensa internacional. Principalmente entre os fãs, que já contabilizam mais de 100 milhões de acessos no vídeo do YouTube no qual ela canta um trecho de “I dreamed a dream”. “Não é certo pintar o cabelo e deixá-la glamurosa.
As pessoas se apaixonaram pela verdadeira Susan”, afirmou um colunista do “The Sun”. Para a consultora de moda Manu Carvalho, foi-se o tempo em que “os ícones iam atrás da moda”. “Nos anos 2000 é a moda que busca referências nas ruas, nos fenômenos pop, como a Susan se tornou”, opina. “Talvez, se ela surgisse com um visual superproduzido, exibindo grifes e o cabelo da vez não ganhasse essa notoriedade toda. O povo da moda gosta de ser surpreendido com o autêntico, o original”.
Manu cita como exemplo o topete gigante da cantora Amy Winehouse. “Primeiro veio o estranhamento, depois todo mundo caiu de amores. O que mais se viu nas passarelas nas temporadas da época foi o penteado da Amy”.
Portanto, é bom não falar de “repaginar o visual” quando o assunto é Susan Boyle. No máximo, um “empurrãozinho fashion”.
“Adoro a Susan!”, garante o estilista Wilson Ranieri. “Faria variantes de looks parecidos com o dela, meio ‘jequinha’... Colocaria casacos mais divertidos sobre esses vestidos em tons pastéis que ela gosta, além de botinhas”.
Já o stylist Alexandre Schnabl acredita que a cantora amadora deva “fazer de sua feiúra uma marca”. “Pessoas não favorecidas pelo padrão de beleza midiático devem investir em seus defeitos. Susan poderia usar maxi-colares, decotes quadrados, caftãs...”, opina o stylist. “Acho que ela pode vir a se tornar uma figura mais atraente do que uma dessas lourinhas pasteurizadas, como a Avril Lavigne, por exemplo”.
Para Manu Carvalho, a autêntica Susan não deixa de estar dentro das tendências de moda. O visual que ela exibiu no reality show “Britain's got talent” – vestido pastel rendado abaixo do joelho, cintura bem marcada e sapatinho de bico redondo - é tendência das mais atuais.
Juca Ferreira fala sobre os rumos da nova Lei Rouanet
Rio de Janeiro e São Paulo ficam com 80% dos recursos e mesmo dentro desses Estados só 20% dos aprovados recebem financiamento.
O fomento à cultura no Brasil está nas mãos dos departamentos de marketing das empresas e isso é um absurdo”, explica o ministro da Cultura, Juca Ferreira, em coletiva realizada esta semana no Recife.
“Se pensa nela como sendo um programa de financiamento da cultura através de incentivo privado via renúncia fiscal, mas estamos tentando deixar esse mecanismo em segundo plano”, afirma o ministro.
O projeto inclusive está sob consulta pública na página da Casa Civil (www.presidencia.gov.br/casacivil) e aberto a sugestões através da internet ou correio até o dia 5 de maio.
Jornal do Commercio - PE - 25/04/2009 - 08:56
sexta-feira, 24 de abril de 2009
ESCANDALOSA NA CAMA VAI EM CANA NA INGLATERRA
Britânica é detida ao ignorar proibição de gritar alto durante sexo.
Barulho atrapalha há dois anos sono de mulher parcialmente surda.
Sexo barulhento do casal Caroline e Steve Cartwright incomoda os vizinhos. Famosa na vizinhança por gritar muito durante o sexo, a britânica Caroline Cartwright, 47, desobedeceu uma ordem de comportamento antisocial da Justiça (Asbo, na sigla em inglês) do final da semana passada e voltou a atormentar seus vizinhos no último domingo (19).
Por isso, foi detida pela polícia nesta quarta (22), apenas alguns dias depois de ser notificada oficialmente que não poderia mais gritar.
Segundo o jornal “The Sun”, Caroline pode ser condenada a cinco anos de prisão por ter ignorado a Asbo, que a proíbe de fazer “barulho excessivo” durante sexo com o marido, Steve. Eles são casados há 24 anos e, na semana passada, receberam uma multa por incomodar os vizinhos. Na segunda-feira (27), Caroline participará de uma audiência.
Segundo o “Daily Mail”, a mulher continua desafiando a Justiça. Apesar da ameaça da prisão, ela afirmou que manterá sua vida amorosa ativa.
“Não vou parar. Continuei fazendo os mesmos barulhos desde que impuseram a Asbo e, nesta quarta-feira, fizemos barulho por três horas. Não consigo parar e não acredito que sou tão barulhenta.”
Caroline afirmou que vai recorrer da ordem de comportamento com duração de quatro anos. A Asbo foi imposta após 25 reclamações de vizinhos para a polícia.
Gravações
Gravações de áudio “enérgeticas” do casal fazendo sexo foram usadas para os vizinhos incomodados convencerem a Justiça que tinham razão em reclamar.
Os magistrados de Sunderland, na Inglaterra, ouviram as gravações com sons de Caroline e Steve para então multá-los, na semana passada, em cerca de R$ 650 por perturbar a ordem (o casal ainda terá de pagar mais R$ 970 com as despesas de processo).Depois disso, a mulher ainda recebeu a ordem de comportamento antisocial.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
OGUNHÊEEEE!!!!!
ORAÇÃO DE SÃO JORGE
INVENCIVEL NA FÉEM DEUS,
QUE TRAZEIS EM VOSSO ROSTO A ESPERANÇA E CONFIANÇA,
ABRE MEUS CAMINHOS.
EU ANDAREI VESTIDO E ARMADO COM VOSSAS ARMAS PARA QUE MEUS INIMIGOS TENDO PÉS NÃO ME ALCANCEM, TENDO MÃOS NÃO ME PEGUEM, TENDO OLHOS NÃO ME ENXERGUEM E NEM PENSAMENTOS POSSAM TER PARA ME FAZEREM MAL.
ARMAS DE FOGO O MEU CORPO NÃO ALCANÇARÃO, FACAS E LANÇAS SE QUEBRARÃO SEM AO MEU CORPO CHEGAR, CORDAS E CORRENTES SE ARREBENTARÃO SEM O MEU CORPO AMARRAR.
GLORIOSO SÃO JORGE, EM NOME DE DEUS, ESTENDEI VOSSO ESCUDO E VOSSAS PODEROSAS ARMAS, DEFENDENDO-ME COM VOSSA FORÇA E GRANDEZA.
AJUDAI-ME A SUPERAR TODO DESÂNIMO E A ALCANÇAR A GRAÇA QUE VOS PEÇO ( FAÇA AGORA SEU PEDIDO ).
DAÍ-ME CORAGEM E ESPERANÇA, FORTALECEI MINHA FÉ E AUXILIAI-ME NESTA NECESSIDADE.
REZAR PAI NOSSO, AVE MARIA E FAZER O SINAL DA CRUZ
PELICANOS DA LUA, ROCK 10 ANOS NA RUA
O melhor Pop Rock de Brasília!
Pelicanos da Lua in concert! Com convidados especialíssimos e orquesta de cordas e metais em arranjos inéditos! Issan, Jorjão, Oswaldo e Pedro recebem seus amigos em grandes participações especiais:
Rubinho - GuitarraAlex Fabiano - BateriaErich Jomba PercussãoDaniel Baker - Teclados e SamplersArranjo de Cordas - Issan e Maestro David ReisArranjo de Metais - Eduardo (Jorjão) Mesquita e Anderson MetaisAnderson e Bruno Cordas Mirella Righini Fabio da Viloa Pedro Oseias Diogo
NÃO PERCA !!!! SEXTA, 24/04 ÀS 20H NO SESC GARAGEM (913 SUL)
VENDAS NO LOCAL OU ANTECIPADOS PELOS TELEFONES (61) 8412-1000 ou 3340-2628 PRODUÇÃO: MUSIMIX
quarta-feira, 22 de abril de 2009
TRÊS POEMAS PARA BRASÍLIA
Bico da Torre
A sombra do bico da Torre na terra
faz o ponteio
que marca o preciso momento e o destino
da gente se amar
São flocos de nuvens que pairam
no céu de Brasília
dão na vista textura arquitetura obra de artista
São blocos caiados de branco
banhados de chuva e de luz
necessidade nessa cidade
de afeto é o que conduz
Me induzo a ficar a pensar
que sou o céu
e o bico da torre é a antena
que marca o momento apenas
(música de Renato Matos)
Por de luz
Pôr-do-sol cor de roxo
vermelhidão cor da rosa
rocha de fogo em fuga
silêncio – psiu – penumbra
desfaz-nos cá uma agrura:
- Que espelho refaz tua luz
de barrochão lá nas nuvens
De pontual rotina, o Sol
Faz roxidões e animações
Em vidros visões vidraças
Nunca igual – ar de sonhos
Dos furtos da luz no espaço
(que leigo chama de noite)
dá-se a multiplicação das tintas.
Ou será truque barato
de Walt Disney esta obra prima?
Um por certo, não o único
o mutante galã galante
orienta a dialética das flores
dos amores e dos amantes
Seria uma lenda clic?
Raio X? Olho de esteta?
Desta cidade de cores, reta
um pôr-de-luz pariu a história da cor
e bordou Brasília: silhueta concreta
Vista do avião
Luz que brilha longe
estrela lambe-lambe
segue cega teu caminho
Infinitamente nuvem
vagueia vaga-luma
entre os meus e os teus neurônicos
terça-feira, 21 de abril de 2009
CONVOCAÇÃO PARA A CARREATA
Enviado pelo Maestro Rênio Quintas, hoje, 21 de Abril, às 10 horas
VIVA BRASÍLIA, PARABÉNS!
CARREATA POR RESPEITO E DIGNIDADE DIA - 21 DE ABRIL
HORÁRIO DA CONCENTRAÇÃO 14.30 HS
LOCAL - 707 NORTE BL K CASA 05 SAÍDA - 15 HORAS
FORUM DE CULTURA DO DF
BRASÍLIA VAMOS QUE VAMOS!!!!
ROBERTO CARLOS, BRASÍLIA E EU
Ai vai, beijos,
MElisa
"Os 19 anos de Brasília coincidiram com os 40 de Roberto Carlos, e a comemoração foi conjunta. Show com direito a lua nascendo atrás do palco, montado em frente ao Congresso, em contraponto com todos os roxos, rosas e púrpuras do resto de por do sol atrás da Torre.
Grupos e mais grupos coloridos de pessoas desciam da Rodoviária pelo canteiro central da Esplanada até os taludes gramados do Congresso, se acomodando á vontade; pipoqueiros, algodão doce, e um comentário a meu lado: "Brasília é bom porque teve o Papa e agora tem Roberto Carlos!".
O espetáculo começa com a lua cheia, soberana, enorme, abençoando a cidade e nós todos que estávamos ali, e termina com uma bela queima de fogo s, e a multidão, satisfeita e romanticamente nutrida, se levantando aos poucos, já noite, e caminhando de volta, Esplanada acima.
Fiquei um tempo sozinha, sentada na grama, olhando na direção da Rodoviária: as pessoas andando, os luminosos piscando, as luzes todas, a Torre, os edifícios. E de repente me toquei que eu tinha sido a primeira pessoa a saber, ainda estudante de arquitetura, como é que aquela cidade ia ser - alguns dias antes de entregar o plano-piloto, eu chegava da praia e meu pai me chamou ao terraço de trás da nossa cobertura, onde trabalhava, e pela primeira vez mostrou e descreveu Brasília a alguém.
Ainda era um primeiro esboço, a lápis, da metade sul da cidade (com toques de lápis de cor e diversas anotações manuscritas), mas já na escala de 1/25.000 em q ue o projeto foi apresentado no concurso. Ele então me descreveu a nova capital, tim-tim por tim-tim; quando terminou, lembro que a camisa estava encharcada de suor - e certamente não apenas por conta do calor... O projeto de Brasília foi feito por ele absolutamente sozinho, em casa - naquele mesmo "terraço de trás".
E só naquela noite, mais de 20 anos depois, ali, no meio da Esplanada, é que realizei o quão extraordinário era este fato: eu era uma pessoa ainda moça e tinha visto, num pedaço de papel, como seria a cidade a ser construída naquele quadradinho que tinha no mapa do Brasil escrito "Futuro Distrito Federal" - e agora estava ali, dentro dela, viva, real, definitiva.
Um privilégio, ter vivido essa experiência, e mais ainda ter tido consciência desse privilégio.Fiquei ali um longo tempo, imobilizada, as imagens se superpondo na minha cabeça: o maravilhoso Brasil de JK, otimista, com horizontes abertos, competência, liberdade e bom humor, terreno fértil para a criatividade brasileira em todos os setores: bossa nova, cinema novo, arquitetura, teatro, primeira copa do mundo ...
A idéia de Brasília, polêmica, apaixonadamente contestada ou defendida; o concurso aberto somente a arquitetos brasileiros (JK confiava na prata da casa), com júri internacional; a recusa de meu pai a participar de equipes que o haviam convidado; a viagem a Nova York, de navio, para que ele recebesse - juntamente com Christian Dior - uma homenagem da Parsons School of Design, na comemoração do seu ciquentenário, viagem onde o projeto urbano de Brasília começou a tomar corpo, sem que, na época, minha irmã e eu nos déssemos conta; o prazo para a entrega do plano se terminando, a montagem das pranchas de cartão na última hora, uma com o belo desenho da cidade em escala de 1/25.000, a nanquim e colorido com lápis de cor, e mais 4 com o texto da Memória Descritiva datilografado, ilustrado com impecáveis croquis elucidativos, também desenhados a nanquim; à exceção da datilografia, tudo feito pessoalmente por Lucio Costa, sem ajuda de ninguém.(...)
*Maria Elisa Costa é arquiteta, ex-presidente do IPHAN, filha e gestora da memória do urbanista Lúcio Costa, criador do Plano Piloto
"LIVRO NA RUA" DE NICOLAS BEHR CHEGA AOS 50 MIL EXEMPLARES
Brasília começa hoje (21 de abril de 2009) sua arrancada para celebrar seus 50 anos de existência. Inaugurada em 1960, a capital brasileira criou ao longo deste seu primeiro cinqüentenário seus mitos e heróis. Entre esses, Brasília pode afirmar que já tem o seu grande poeta: trata-se de Nikolaus Von Behr, um descendente de alemães popularmente conhecido como Nicolas Behr, nascido em Cuiabá, MT, em 1958.
Nicolas canta Brasília desde o primeiro de seus 38 livros, “Iogurte com Farinha”, lançado em 1977, e cuja vendagem de mão em mão nos bares e palcos da cidade chegou a oito mil exemplares.
No entanto, o livro mais popular de Behr é uma “micro-antologia” conhecido como “Livro na Rua”, com apenas 16 páginas e que é distribuído gratuitamente em escolas, hotéis, ambientes culturais. O livrinho, editado pela Thesaurus Editora, acaba de chegar aos 50 mil exemplares e nele os leitores podem encontrar alguns versos que bardo pretende imortalizar Brasília. Conheça alguns deles:
os três poderes são um só:
o deles
nem tudo que é torto é errado
veja as pernas do garrincha
e as árvores do cerrado
SQS4115F303
SQN303F415
NQS403F315
QQQ313F405
SSS305F413
seria isso
um poema
sobre Brasília?
seria um poema?
seria Brasília?
eixos que se cruzam
pessoas que não se encontram
.....................
a cidade é isso mesmo
que você está vendo
mesmo que você
não esteja vendo nada
..................
começa a demolição
quero pra mim
os anjos da catedral
.......................
a superquadra nada mais é
do que a solidão
dividida em blocos
Poema de “Braxília Revisitada, 2004)
Poeta Ronaldo Costa Fernandes é homenageado
Nesta próxima 6ª feira, 24, a Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) promoverá mais um Tributo ao Poeta, projeto lançado em 2008 e relançado com grande sucesso no mês passado, que em abril vai reunir no palco do auditório os poetas jornalistas Paulo José Cunha, Luis Turiba e Ariosto Teixeira, além do ator e diretor teatral Guilherme Reis, para a homenagem à poesia de Ronaldo Costa Fernandes.
Na abertura do espetáculo, de uma hora de duração (de 19h a 20h), o diretor Antonio Miranda irá anunciar a doação à BNB de 50 filmes em DVD e VHS, pelo Pólo de Cinema e Vídeo do DF, ao acervo da Midiateca em montagem; a inauguração de cinco Esculturas Fáceis de Omar Franco, instaladas no jardim interno do 1º andar; e o lançamento oficial da Rede de Amigos da BNB pelo autor da iniciativa, Bruno Paranhos.
No segundo espetáculo da série Tributo ao Poeta que mensalmente vai contemplar escritores locais e nacionais, o piauiense-cariocandango jornalista, poeta, escritor, documentarista e professor, Paulo José Cunha, vai apresentar um resumo da trajetória literária de Costa Fernandes e chamar ao palco Guilherme Reis, Turiba e Ariosto Teixeira para recitarem uma seleção de seus poemas.
Paulo José assina também a apresentação e antologia do homenageado para a publicação Livro na Rua, da Thesaurus Editora, que será lançada, com distribuição gratuita ao presentes, durante a sessão do Tributo. Ronaldo Costa Fernandes, maranhense criado no Rio de Janeiro, vive hoje em Brasília. Doutor em Literatura pela UnB, estreou em poesia em 1997 com Estrangeiro; em 1998 lançou Terratreme, vencedor do Prêmio Bolsa de Literatura da Fundação Cultural do DF; em 2000, Andarilho; em 2004, Eterno Passageiro; e no mês passado, A máquina das mãos. Em prosa é autor de O Morto Solidário, romance traduzido e publicado em Havana, Cuba, vencedor dos prêmios Casas de las Américas, Guimarães Rosa e Revelação de Autor da APCA. Publicou em 1996 o ensaio O Narrador do romance, prêmio Austreségilo de Athayde da UBE-RJ, e no final de 1997, Concerto para Flauta e Martelo, romance finalista do prêmio Jabuti-98. Costa Fernandes dirigiu por nove anos o Centro de Estudos Brasileiros da Embaixada do Brasil em Caracas e de 1995 a 2003, a Funarte/DF.
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segunda-feira, 20 de abril de 2009
LÚCIO COSTA E O PAPEL DA ARTE EM BRASÍLIA
“Discuti, discordai à vontade. Sois críticos, a insatisfação é o vosso clima. Mas de uma coisa estou certo - e vossa presença aqui é testemunho disto - com Brasília se comprova o que vem ocorrendo em vários setores das nossas atividades: já não exportamos apenas café, açúcar, cacau - damos também um pouco de comer à cultura universal.”
Acabo de receber da arquiteta Maria Elisa Costa, ex-presidente do IPHAN, filha do urbanista Lúcio Costa e guardiã de sua obra e do seu acervo, um texto escrito pelo criador do Plano Piloto de Brasília para o Congresso Internacional de Críticos de Arte que aqui se realizou em 1959.
Eis o bilhete de Maria Elisa para o blogdoturiba:
“Turiba, o Dr. Lucio, lá de cima, me pediu que mandasse pra você o texto que segue, (e que deveria ser cantado aos quatro ventos!) escrito há exatos 50 anos, quando JK levou para Brasília em construção uma porção de intelectuais vindos de toda parte para um Congresso Internacional de Críticos de Arte.”
Saudação aos críticos de arte
1959
A cidade nova e a síntese ou a integração das artes, eis o belo tema que vos congrega aqui. Partindo de considerações de outra ordem, visando dar ao país a base industrial e os meios de comunicação indispensáveis à criação da riqueza e à autonomia econômica, plano geral de metas no qual se veio engastar como a chave de uma abóbada a transferência da capital - eis que nos encontramos a mil quilômetros do mar, neste planalto onde há pouco mais de dois anos ainda era o deserto, o ermo e a solidão. Encontro simbólico e de alta significação porquanto demonstra que o futuro tecnológico, econômico e social desta nação não se fará à revelia do coração e da inteligência, como tantas vezes ocorreu no passado e ainda sucede no presente, mas sob o signo da arte, pois foi assim que Brasília nasceu.
Já se disse que isso que vedes, esse mourejar, essa dedicação, esse esforço - esta criação tirada do vazio num gesto de mágica -, é obra de loucos. Se isto é loucura, bendita seja. Lidais com arte, sabereis me compreender. Rejeitamos o baldão, como rejeitamos conscientemente a farsa da "austeridade", pois há momentos na ascensão econômica dos povos subdesenvolvidos - como este que o Brasil atravessa - quando é preciso aceitar novamente o desafio das circunstâncias conferindo sentido atual ao brado histórico de 1822, - "industrialização ou morte!" Industrializar-se ainda que o preço seja a inflação, ainda que se imponha emitir, a fim de vencer a encosta e alcançar a almejada estabilidade noutro plano, com maior produção, mais riqueza, maior poder de compra. A alternativa seria a pobreza sem esperança e a estagnação. Enganam-se os que atribuem o desenvolvimento dos Estados Unidos no século passado, por exemplo, à austeridade do seu governo. O desenvolvimento se processou, pelo contrário, como luta-livre, à revelia dele, que atuou apenas como guardião das liberdades fundamentais. Foi o catch as catch can da aventura, da audácia, da concorrência desenfreada e da especulação na primeira fase do capitalismo, foi esse vale tudo que criou - apesar do governo, a riqueza e o poderio da grande nação.
Tudo tem a sua lógica e o seu devido tempo. Propiciamos ao futuro governo os meios de beneficiar-se do nosso esforço comum, e de proceder à estabilização econômico-financeira, já então em bases seguras, capazes de garantir mais alto padrão de vida para o povo. E ainda lhe daremos, de quebra, uma capital. Esta capital, - Brasília.
Várias coisas me agradam nesta cidade que, em dois anos apenas, se impôs no coração do Brasil: a singeleza da concepção e o seu caráter diferente, a um tempo rodoviário e urbano, a sua escala, digna do país e da nossa ambição, e o modo como essa escala monumental se entrosa na escala humana das quadras residenciais sem quebra da unidade do conjunto, e me comove particularmente o partido adotado de localizar a sede dos três poderes fundamentais não no centro do núcleo urbano mas na sua extremidade, sobre um terrapleno triangular como palma de mão que se abrisse além do braço estendido da esplanada onde se alinham os ministérios, porque assim sobrelevados e tratados com dignidade e apuro arquitetÃ?nicos, em contraste com a natureza agreste circunvizinha, eles se oferecem simbolicamente ao povo: votai que o poder é vosso. A dignidade de intenção que lhe presidiu o traçado, e tão fundo tocou a André Malraux, é palpável, e stá ao alcance de todos. A Praça dos Três Poderes é o Versalhes do povo.
Discuti, discordai à vontade. Sois críticos, a insatisfação é o vosso clima. Mas de uma coisa estou certo - e vossa presença aqui é testemunho disto - com Brasília se comprova o que vem ocorrendo em vários setores das nossas atividades: já não exportamos apenas café, açúcar, cacau - damos também um pouco de comer à cultura universal.
ps: em 1987 a UNESCO, por iniciativa do governador José Aparecido de Oliveira, incluiu Brasília no acervo dos bens considerados Patrimônio Cultural da Humanidade.
BRASÍLIA, A UTOPIA DOS 50 ANOS
Luis Turiba
Como diria o filósofo do botequim da minha quadra: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Assim sendo, há duas maneiras básicas de pensarmos a comemoração dos 50 anos de Brasília em 21 de abril de 2010, portanto daqui a um ano.
A primeira é fazer um festão maior que céu de Brasília, bem global, olímpica e holywoodiana, com Xuxa, Ivete Sangalo, Roberto Carlos, Zezé de Camargo e Luciano, U2, Rolling Stones e quem mais vier. Tudo, de preferência, comandado por um animador televisivo de grande apelo popular. Essa fórmula já existe, está sendo aplicada com sucesso há três anos e não falha: um milhão de pessoas na Esplanada, todos cantando, dançando, se divertindo e depois voltando para suas casas felizes e orgulhosas por terem assistidos a seus ídolos.
A outra maneira é transformarmos o primeiro meio século da mais moderna cidade brasileira, num reencontro histórico, definitivo e cultural de Brasília com o Brasil e os demais países e culturas do planeta. Afinal, a nova capital nasceu com o destino de ser grande, bem maior do que o céu que a envolve. Portanto, não vamos pedir um café pequeno.
Pensando bem, poderíamos até fazer uma coisa e outra. Não há prejuízo e pode haver um acoplamento de ações. O fundamental, porém, é que não podemos perder a oportunidade de iniciarmos – governos, universidades, instituições empresariais, sindicatos, classe artística, intelectuais da mídia e demais pensadores – um processo de reencontro de Brasília com a sua utopia, suas raízes brasileiramente ousadas, sua memória e sua história. Vamos tirar de uma vez por todas essa pecha de que Brasília é símbolo da corrupção e dos péssimos políticos que os Estados enviam para cá.
Nada disso! Brasília é fruto do empreendimento da vanguarda modernista brasileira. JK a concebeu (inconscientemente, é claro) ao criar, na década de 40, quando era prefeito de Belo Horizonte, o Conjunto da Pampulha como uma resposta de Minas Gerais à Semana de Arte Moderna de 22, realizada em São Paulo. Antes de ser um Presidente Bossa Nova, JK foi um modernista mineiro. É deste ninho que vem Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Israel Pinheiro. Pode ser que eu esteja escrevendo bobagens, mas nesse caso, o Cel. Afonso Heliodoro tem todo o direito de me corrigir.
O Brasil contemporâneo nasceu com Brasília. A nova capital era a meta síntese de um governo nacionalista que se proponha a realizar 50 anos em cinco. Uma cidade moderna construída em 1000 dias. Cidade irmã da Bossa Nova, da Poesia Concreta, do Cinema Novo, da indústria automobilística, de Marta Rocha e da Seleção Brasileira campeã do mundo na Suécia com Didi, Pelé e o mágico Garrincha.
Ou seja: Brasília tem pedrigree. Com a sua construção, nós, brasileiros, perdemos o complexo de vira-lata. Sua memória, portanto, precisa ser celebrada – e não tão somente festejada com a massa cantando “Ilá Ilá Iê... Ô Ô Ô!” em frente ao Congresso Nacional. Seu cinqüentenário é uma excelente oportunidade de recuperarmos, através de projetos culturais comprometidos e de vanguarda, a memória viva dos anos 60 e 70.
Brasília 50 anos, já! Essa celebração deve começar imediatamente após a festa dos 49 anos. Se possível, dia 22 de Abril, data também simbólica, quando comemoramos a descoberta do Brasil.
Não há como fugir desse processo cultural. A cidade está cheia de projetos vitoriosos que darão sustentação a essas comemorações e reflexões por um ano inteiro. Rodando a roleta aleatoriamente, podemos sortear cinco ou seis desses projetos que servem de exemplo. Vamos lá: Festival de Cinema, Clube do Choro, Cena Contemporânea, Porão do Rock, Bienal da Poesia. Pronto, citei apenas os que vieram à cabeça.
Por último: Brasília precisa ser exportada, vendida lá fora. É necessário montarmos projetos que exponham as curvas e as paralelas da nossa cidade no eixo Rio-São Paulo, em Paris, em Nova Iorque, Madri e Tóquio.
Enfim, as idéias são muitas e o tempo é curto. Mãos à obra, pois quem sabe faz a hora. Brasília merece muito mais que uma multidão dançando axé na Esplanada dos Ministérios.
domingo, 19 de abril de 2009
O BOM ROCK EXPERIMENTAL NO GATES PUB
Eis a dica do Leo:
Meninos, eu vi...o som desses caras é poderosíssimo !O Macaco Bong faz música exclusivamente INSTRUMENTAL e mistura altas doses de lisergia, psicodelia e noise melódico em um coquetel
sonoro que lembra passagens floydianas e, às vezes, um Radiohead sem os vocais.
A banda é de Cuiabá. O guitarrista é virtuoso e os outros músicos também fenomenais.
Enfim... sobram adjetivos. Vi os caras há duas semanas, infelizmente abrindo para o horrendo Móveis Coloniais, que começou o show botando todo mundo pra bater
palminha com os braços pra cima. Que éca !!!
O público, predominantemente jovem e que estava lá pra ver o Móveis,
nem deu bola para o Macaco Bong e os malucos aproveitaram para ficar
pertinho do palco na hora do show deles.
Então, como diria meu amigo Horroriz, NÃO PERDAM !!! Inté intão !
SHOW COM O POWER TRIO MACACO BONG (MT), DIA 24/4 NO GATES!
A banda Macaco Bong aterrisa em Brasília nesta semana para mostrar todo o seu poder indie rock em show que será realizado na sexta-feira, dia 24, no Gates Pub. Além da atração, a noite contará também com abertura da banda de rockabilly – Os Dinamites e a pista de dança ficará por conta de Fernando Brasil, com a discotecagem dos melhores sons do rock alternativo.
Serviço:
Show com a banda MACACO BONG (MT)
Local: Gates Pub (403 Sul)
Abertura: Os Dinamites (DF)
Discotecagem: Fernando Brasil
Data: 24/4 - sexta - 23h
Couvert: R$15,00
Saiba mais sobre as atrações:
MACACO BONG nasceu em Cuiabá (MT) no ano de 2004 como um quarteto de rock instrumental. Logo no ano de 2005 a banda se tornou um power trio, formado por Bruno Kayapy (guitarra), Ynaiã Benthroldo (batera) e Ney Hugo (baixo), permanecendo com a proposta de rock instrumental com conteúdo musical.
Baseado na desconstrução dos arranjos da música popular em seus formatos convencionais e aliada à linguagem das harmonias tradicionais da música brasileira com jazz/fusion/pop e etc, o Macaco Bong sempre busca nunca concretizar rótulos relativos às variedades nas vertentes dos gêneros musicais em suas composições, tudo isso aplicado tanto na estética quanto no conteúdo do rock’n’roll.
Lançou seu primeiro EP em 2005 com três faixas que está disponibilizada no site da trama virtual (www.tramavirtual.com.br/macaco_bong). Recentemente gravou seu segundo EP constituído por cinco faixas, lançado em março.
Além dos trabalhos junto à banda, os Bongs fazem parte do Instituto Cultural Espaço Cubo onde são produtores musicais e co-realizadores de eventos e festivais, como o Calango, Grito Rock e Semana da Música, produções que impulsionam a cadeia produtiva, tanto local, quanto nacional dentro do circuito fora do eixo. Também são militantes da Volume (Voluntários da Música), entidade destinada para a qualificação de agentes direcionados no know-how na produção das ações locais.
www.myspace.com/macacobong
fabricio_nobre@uol.com.br
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Três poemas para Kido Guerra
Desta vez, a senhora sinistra levou um guerreiro elegante. Morreu quarta-feira (15.04) o jornalista, escritor, músico e pensador Kido Guerra, 49 anos, jornalista, escritor, músico, teatrólogo, pensador e ex-editor do Correio Braziliense morreu quarta-feira (15.04).
O enterro foi nesta quinta-feira, 16 de abril, no cemitério Boa Esperança, na presença de amigos e companheiros das redações de Brasília.
À memória do Kido, dedico esses três poemas cardiográficos que falam das artimanhas deste involuntário do peito.
Tempestade cardíaca
deixei meu coração à beira da tua cama
fui ali cantar com as cigarras do outro lado da lua
chorei tanto
que estrelas caíram do meu peito nublado
salpicando os caminhos
de raios-relâmpagos & verdades recordações
MorrerViver
quando morri, nasci
da bolha d`água onde vivia
berrei o sopro de um fim
com a terrível luz do dia
um dia fui feto e morri
bebi líquido ameniótico
fui anjo da própria mãe
acalmando-a das neuroses
mundo rodando e eu ali
borbulho de um rei vítreo
quente o feto faz do giro
seu último e futuro filho
quem nasce é porque morre
do aquático mundo velho
a dor é gélida na passagem
água é morna o ar é melhor
tempo feito sem memória
o afeto é mais que células
das sensações nasce a mãe
o feto apenas morre delas
Involuntarioso
coração, órgão bomba
bicho-doido solto sombra
involuntário da pátria
que horas são coração?
coração mais sem graça
faz veneno sangue bom
vai bombando toda ação
nem avisa as ameaças
vem coração, sem trapaça
vem dar tua artéria à tapa
terça-feira, 14 de abril de 2009
Pirenópolis é o bicho
A cena é cinematográfica e seria engraçada se não tivesse sido dramática. Nossos olhos congelaram por segundos para focá-la com uma certa tensão.
Quando vimos, não se sabe de onde, surge na praça do Coreto rumo a Pousada do Abacate, aquele cavalo bonitão, marrom e branco, portentoso, com um bêbado se equilibrando em cima. No caso, o bêbado era o próprio equilibrista.
E lá ia ele, numa manguaça cavalar, cabeça baixa a babar a camisa quadriculada, olhos revirados, o corpo se balançando pra lá e pra cá como um pacote roto. O chapeu ficou pelo caminho.
O sabido cavalo a tudo entendia e caminhava lentamente num pocotó quase zen, como se pisasse em ovos, procurando evitar o pior para seu parceiro: um tombo de quase dois metros de altura.
Mas não foi possível mesmo evitar o escorregão. Um pouco antes da pousada, catapimpa!, lá estava o bêbado com a cara no paralelepípedo. O cavalo, solidário, estancou imediatamente sua caminhada e ficou ali parado esperando o peão se levantar.
Houve um corre-corre para socorrer o cavaleiro bebum que, minutos depois, foi recolhido aos costumes.
Pirenópolis é assim. Uma cidade histórica, turística, ecológica, comercial, surpreendente e cinematográfica. A começar pelos seus postes coloniais de luz amarela que nos fins de tarde dá aquele clima hiper-especial. Paraíso dos fotógrafos, dos namorados e dos cavalos.
Incrustada aos pés da Serra dos Pireneus, em Goiás, está a 150 quilômetros de Brasília e 120 de Goiânia, possui um dos mais ricos patrimônios do Centro-Oeste e foi tombada pelo Iphan em 1989. Em 1727 era arraial da colônia portuguesa, em 1832 se transformou em vila e em 1853 em cidade.
No feriado de Semana Santa, Pirenópolis recebeu milhares de turistas. Meia Brasília estava lá, curtindo, consumindo, celebrando a vida, à natureza, a amizade, o amor. Um brinde aqui, um sorriso ali, um abraço acolá. Encontros e reencontros.
Religiosa e tradicionalista, a população pirenopolitana fez a corte do lugar. Encenou a última ceia, a Via Sacra e a ressurreição, tendo como cenário a belíssima catedral totalmente restaurada pela equipe do arquiteto Silvio Cavalcante e o fantástico casario colonial com suas ruas de pedras. O comércio faturou e o turismo aconteceu.
O destaque ficou por conta do padre Anevair, jovem sacerdote de 27 anos, que a cada aparição fazia palpitar os corações das moçoilas (e de algumas senhoras, por que não?), arrancando suspiros e risinhos candentes. Padre Anevair tem nome de craque e é realmente performático. Já já estará gravando sucessos musicais e cantando na Xuxa. Na missa da ressurreição, sem cerimônia avisou à multidão: “Vocês vão sentir minha falta, pois o padre está quase fundindo o motor e precisa descansar.” Tirou férias e só volta nas Cavalhadas, em maio, o que não chega a ser um pecado.
Pirenópolis dessestresa. Nada melhor do que fazer uma longa caminhada pelas sete cachoeiras do Bonsucesso, onde você vai subindo e subindo até alcançar a última queda depois de escalar um ousado pico de pedras; ou então uma mais leve, na fazenda Vagafogo, onde no meio do caminho você pode encontrar um jatobá centenário para abraçar e renovar as energias ou um monumento à vagina desconhecida, também conhecida como Vagaflor.
Bão também é se hospedar na micro-pensão Nóis Hospeda, da Mariza; jantar o surubim premiado da chef Márcia no Lê Bistrô ou saborear uma focaccia com vinho argentino no Café da Praça.
Mas tem algo que incomoda, polui e agride à cidade e aos turistas. São os carrões com sons turbinados da playboizada goiana. Essa meninada aproveita a confusão de trânsito intenso na cidade (o que deveria ser evitado em datas festivas, fechando as principais ruas) e solta a franga com aquela música baticum de péssimo gosto. Um horror, senhor prefeito!
Agora as Cavalhadas de Pirenópolis vem por aí com a magistral Festa do Divino nas fazendas em torno da cidade.
É em homenagem às Cavalhadas e ao elegante cavalo do bêbado que caiu em cena, que relembro um lindo poema do índio navajo Tall Kia Ahri, que traduzi do livro “Technicians of the Sacred”, de etnopoeta Jerome Rothenberg, com quem estive em 1991, em Encinitas, San Diego, Califórnia, EUA.
Para o Cavalo, Deus da Guerra
Eu sou o filho de Mulher Turquesa.
No topo da montanha Belted
Lindos cavalos – esbeltos como garças.
Meu cavalo de cascos como ágata listrada
e os punhos feitos de finas plumas de águia.
Meu cavalo de pernas tão rápidas como um raio
e o corpo vai como flecha bordada com penas de águia.
Meu cavalo de rabo como rastro de nuvem negra.
A brisa sagrada sopra através do seu pelo
Meu cavalo de crina feita de curtos arco-íris.
Meu cavalo de orelhas feitas de espigas de milho.
Meu cavalo de olhos tão grandes como estrelas.
Meu cavalo de cabeça feita por águas emendadas.
Meu cavalo de dentes moldados em alvas conchas.
O longo arco-íris está na sua boca como uma rédea com a qual o guio
Quando meu cavalo relincha
Cavalos de outras cores o acompanham
Quando meu cavalo relincha
Carneiros de ouras cores o acompanham
Sou afortunado por causa dele.
Diante de mim, tranqüilo
Atrás de mim, tranqüilo
Sob mim, tranqüilo
Sobre mim, tranqüilo
Tranqüila é a sua voz quando relincha.
Sou eterno e tranqüilo
Por meu cavalo, me elevo.
- FIM-
LULA QUER JUCA RELAXADO
Outro dia escrevi aqui no blog que o ministro da Cultura, Juca Ferreira, estava precisando, com urgência, se sacudir num show de Gilberto Gil para relaxar e enfrentar com maestria o processo de mudança na Lei Rouanet. Ontem saiu a seguinte notinha na Mônica Bergamo, no Ilustrada da Folha. Leiam:
"CALDOFerreira diz também que recebeu sinal verde de Lula para prosseguir na discussão sobre mudanças na Lei Rouanet. “Ele sabia que haveria resistência às mudanças. Me pediu para ter muita paciência e muito diálogo”, diz o ministro.
Mônica Bergamo - Folha de SP
sábado, 11 de abril de 2009
Feliz Páscoa a Todos!!
Visitem o blog da amneres no seguinte endereço: www.poesiaemtemporeal.com
abraços & beijos
Luis Turiba
Jardim do Éden
Paro tudo,
qualquer movimento,
e o que resta é o som,
a imensidade do som
do silêncio
no meio do mato,
nos pios dos pássaros,
zum zum dos insetos,
farfalho de verdes capins,
a alma em silêncio
contempla esse mundo
tão simples,
tão manso,
tão plácido,
e a gente se espanta
com tanto sossego,
com a luz que emana do alto,
e então tem certeza:
é obra divina,
é Deus cultivando o jardim.
Amneres (08/04/2009)
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Marc Chagal e sua declaração de amor
Bombou galera!
A exposição “Virada Russa: a Vanguarda na coleção do Museu Estatal de São Peterburgo”, em cartaz no CCBB de Brasília (depois vai pro Rio e pra SP) é realmente emocionante e transcendental. Veio para fazer história no universo das artes visuais.
São quadros, cartazes, instalações de vanguarda do período pré e pós Revolução Bolchevique (1917) que muito ajudaram a Lênin e seus camaradas na derrubada revolucionária do regime Czarista. Juntos, revolucionários marxistas e artistas alucinadamente livres e ousados, entre os quais o poeta Maiakowiski, sonharam e instalaram a primeira república socialista do mundo. Esteticamente, abriram caminho para Picasso, Miro e muitos outros.
Mais entre tantas coisas importantes e maravilhosas, um quadro de Marc Chagall – Passeio, de 1917 – roubou a cena. Sozinho, vale por toda exposição.
Um poema, um mino, um verdadeiro passeio do amor entre um homem e uma mulher a obra de Chagall. Um cavaleiro sobrancelhudo com um sorriso pra lá de maroto nos lábios, segura a mão de uma dama enamorada e a faz voar, como uma pipa de vestido lilás, sobre sua aldeia em clima de pic-nic apaixonado.
Chagall foi um homem feliz. Viveu e morreu feliz, fazendo seus personagens alçarem vôos rumo ao sonho e ao amor. Quando a barra pesou, sabiamente pulou fora. Viajou, foi conhecer as vanguardas européias, morou em Paris.
Chega! Quem mora em Brasília, não pode perder essa exposição que merece mais de uma visita. Cariocas e paulistas, please, aguardem ansiosamente que desta vez Brasília saiu na frente.
Brasília, Brasis
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No Planalto Central do País”
Caetano Veloso
No princípio era o barro, o cerrado, a esperança. Até que o velho Fenemê cheirando a graxa com sua pintura cor de terra, estacionou ao deus-dará do Planalto Central e ali descarregou a primeira legião de trabalhadores anônimos. Sim, era o homem. “Vinham de longe através de muitas solidões”, escreveu Vinicius de Moraes. As forças vivas da Nação foram convocadas a erguer “num tempo, o novo tempo”. Estava dada a largada para uma das mais espetaculares epopéias de um povo no século XX. Uma verdadeira maratona da civilização moderna. Tanto que quase meio século depois eles continuam chegando à cidade moderna. “Será que é imaginação? Será que vamos conseguir vencer?” Os versos de Renato Russo refletem a perplexidade da chegada. Josés, Raimundos, Severinos e Franciscos perdiam a identidade. Coletivamente, eram candangos – palavra originária do quimbundo-angolano kandungu, pessoa ruim, vilão. Nos canteiros de obras passavam a ser chamados de Bahia, Piauí, Mineiro, Pará, Gaúcho ou Goiano. Toda conquista envolve riscos. Quantos ficaram pelos caminhos, perderam-se pela poeira das construções? A notoriedade cosmopolita de Brasília na Idade Mídia da Razão foi construída por hordas de brasis. O vidro fume dos prédios inteligentes, o transitar veloz dos Mitsubishis, o telefone celular e o lep-top que pluga o político e o executivo com qualquer praça do planeta. Nada disso existiria sem os milhões de brasis. Brasília tem hoje o sotaque dos brasis, o jeito dos brasis, a cara dos brasis. Brasília, a melhor e a mais viva síntese de um povo. Brasília, capital Brasis.
Publicado no livro Bala, em 2005
terça-feira, 7 de abril de 2009
Jorge Feitiço faz festa de arromba, Lula não foi por causa do dilúvio
Ele é somente um ano mais velho que Brasília. O comerciante Jorge Ferreira, proprietário de uma rede de restaurantes de Brasília, entre os quais o histórico Feitiço Mineiro, palco de homéricos espetáculos de sambas e outros ritmos, festejou seu cinqüentenário no início deste abril com uma festa de arromba para quase mil pessoas. O churrasco foi na Casa do Candango, em frente à Câmara Legislativa.
Jorge é um ser cultural por natureza. Ou como escreveu o jornalista Carlos Henrique: “Jorge é da roça e do elevador, como no verso de Drummond.”
O certo, é que ele aproveitou a ocasião para lançar seu primeiro livro “Fazimento”, com crônicas, causos e poemas mineiramente editados. A cada um dos convidados, Jorge presenteou com um exemplar, cuja apresentação e a programação gráfica é de Ziraldo.
“Ser humano, conforme se sabe, é que nem cachorro: tem raça. A raça em questão é a de gente que não sai do sonho, que parece não ter os pés no chão e que, na vida, conjuga o verbo outrar que o Drummond inventou. A marca principal da raça do Jorge é a generosidade”, escreveu Ziraldo.
Jorge é amigo de muita gente. Entre tantos, destaque para o presidente Lula, com quem fazia pescarias nos tempos em que “o cara” era somente um constante candidato à Presidência da República. No dia da festa, Lula havia chegado de Londres e avisou que ia sim, não poderia faltar ao amigo. Mas não foi por dois motivos. Primeiro, porque caiu um tremendo dilúvio naquela tarde em Brasília. Depois, porque na mesa que estava sentado os ex-ministros José Dirceu e Agnelo Queirós; os deputados Geraldo Magela e Rodrigo Rollemberg, além da socialite Moema Leão e do compositor Fernando Brant, havia um convidado muito incomodo para o presidente: o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, aquele que ganhou uma Land Rover de presente. Trocadilhos à parte, Lula aproveitou o dilúvio para se livrar do Delúbio.
domingo, 5 de abril de 2009
O cara, o pop-star hip-hop
Ainda bem que Lula não tem os dez dedos. Já pensaram: se com nove está barbarizando, fazendo cestas e mais cestas de três pontos, tirando coelho da cartola dos outros e ainda por cima quase senta no colo da rainha branca de olhos azuis para sair bem na foto. Com os dez então, nossa! O cara ficaria muito metido, impossível de aturar, chique nas últimas.
Ao escrever isso, não quero sacanear ninguém. Ao contrário: estou é louvando o nosso presidente, massageando seu ego, pois seu comportamento nesses palcos internacionais ultrapassou a fronteira do político e caiu no campo pop. Um fenômeno da pororoca eletrônica dos tempos midiáticos, no dizer do filósofo Jorge Mauter.
São atitudes, falas e trejeitos brasileiramente culturais, de uma poética hip-hop transcendental que só o jeito dos trópicos permite ser. Somente um líder brasileiro, operário e nordestino, poderia ser o que Lula é para os demais dirigentes do planeta: o cara.
E o que significa ser “o cara” do planeta Terra a esta altura do campeonato? Bem, primeiro dá gosto vê-lo surfando na crista da onda. Afinal, Lula enxerga a “responsa” que o Brasil tem na construção de uma nova ordem mundial para o planeta, uma relação mais humana, mais natural, mais mestiça. Lula, assim como o Brasil, é uma espécie de zebra desta confraria. Mas é essa zebra que banca os treze pontos do bolão do sistema financeiro internacional. Se não, como ele costuma dizer: o mundo “sifu”, meu.
Quando afirma que Obama se parece com um neguinho “bahiano”, Lula nos remete a personagens de Jorge Amado, a uma canção praieira de Caymmi ou a um quadro de Carybé. Obama capoeirista, sambista, mulato de Copacabana. Nada mais mestiço, nada mais brasileiramente mundano do que um Obama baiano. Ou seja: Lula trouxe “o mais poderoso” para o Brasil. Jogada de mestre: somente um pop star de barba branca e semblante de estadista é capaz de criar uma imagem como esta.
Por isso, Lula é “o cara” do planeta. Por que se fez por si próprio espelho do povo brasileiro. Ele não é uma invenção cerebral de Zé Dirceu, nem do marketing de Duda Mendonça ou João Santana. Para se sentar ao lado da Rainha (de olhos azuis) Elizabeth, ele deixou a vida lhe levar bem aos moldes de Zeca Pagodinho e Ronaldo Fenômeno. E os ventos sopraram a seu favor, a ponto de transformá-lo num “oreia” de Nicolas Sarkozy.
Assim como Kid Morengueira foi o nosso Rei do Gatilho, Lula é o rei das metáforas. Ele quebra o discurso diplomático com tiradas e breques que já entraram para a história. Tudo coisa da própria cabeça. Não há no Palácio do Planalto um assessor para gracinhas.
Há muito que precisávamos de um presidente assim. JK, em meados do século passado, foi chamado de “Presidente Bossa Nova”. Foi o sujeito que empurrou o Brasil pra frente, quebrou paradigmas humanos e nos livrou do complexo de vira-lata. Além do cara, foi “a cara” do Brasil pré-moderno da construção de Brasília. E lá se vão 50 meio século de história.
Agora que os novos tempos começaram (será?), Lula assume o pós-tudo e é apontado para a história (e não para a eleição de Dilma) como “ó do borogodó”, o top de linha, o cara que dá a benção a Bono Vox e mexe com o tango feminino de Cristina Kirchner. O cara sabe das coisas. Sabe até cantar Cazuza olhando da janela do seu palácio para o gabinete de Sarney no Senado: “A sua piscina está cheia de ratos, suas idéias não correspondem aos fatos, o tempo não pára, eu sou o cara.”
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Ah, como era gostoso o meu miojo
Luis Turiba
Tudo começou num “inhoque da fortuna” certo dia 29, depois da novela.
Descasadas e cansadas do fardo da solidão, três amigas, mulheres maduras e financeiramente estáveis, resolveram dar a volta por cima daquele marasmo existencial. Maria Aparecida, Maria do Carmo, Maria da Glória. A vida, minhas três Marias, foi feita para ser revividas, portanto....
O jantar com notas de dólar debaixo dos pratos foi o ponto de partida. Regado a vinho chileno e pitadas de lembranças do passado de anteontem, onde eram elas objetos de cortejos, lampejos e desejos.
Na flor da idade uma delas, se não me engano Maria da Glória, imagine, chegou a se comparada certa feita a uma montanha russa em erupção, devido aos seus acentuados sobes-e-desces curvilíneos. Hoje, simples morrotes no caminho. Mesmo assim, repletos de desvios, descaminhos em desalinhos, algo como a face oculta da lua.
Mas gente, cá pra nós, isso também tem seu jeito. O negócio agora é conserta malhando. Aulas de strep-teases? Lingeries frutíferos, exercícios de yoga sex ou pampoarismo? Ah, quem sabe depois. Agora, o negócio agora é entrar na hidroginástica básica. Sim, esse conceito surgiu depois do segundo prato de inhoque.
Vamos lá, meninas, hidroginástica é a malhação ideal, passaporte de saúde para a terceira idade. É atividade lúdica, divertida, expõe o corpo a contrastes leves, revitaliza as curvas da estrada de Santos. Enfim, é o bicho no sentido menos sinistro do ser artístico.
E assim, no dia seguinte, chegaram as três Marias na academia. Maria do Carmo, de tão excitada com a idéia de voltar a ativa, nem dormiu direito. Maiô novo, toquinha lilás, tudo demais. O tchan começou no estacionamento. Já saltaram do carro saltitando, sacudindo o esqueleto recheado. E lá vão elas, reavivar o corpo, as artérias, suas vidas, suas mentes, suas lembranças em forma de sonhos.
Malha daqui, puxa dali, bota peso, tira bota, chegou a hora do exercício que as crianças mais adoram numa piscina: montar no macarrão de isopor arqueado e pedalar, enquanto as mãos fazem a puxada.
O que ninguém contava era com a sensibilidade aguçada e o descontrole quase histérico de Maria da Glória.
O simples roçar do isopor redondo e curvo no ventre, promoveu-lhe antigas sensações conhecidas mas já há algum tempo adormecidas.
Mas qual o quê: não é que o antigo vulcão despertou. Sem mais nem menos, da Glória sentiu calafrios calientes que lhe subiam num circuito energético de altísssima velocidade pela avenida central da espinha rumo ao celebro apoteótico.
Tinha a sensação de que ia voar. As coxas, os músculos do ventre, os braços, tudo, enfim, em fração de segundos e sem opinião da razão, começou a bater asas. Arre, Babá, baixou a barata voa!
Maria da Glória sentiu-se poderosa, tomada por calores e fumaças interiores. Mais do que isso: fez jus ao próprio nome: Maria Gloriosa, a loba da piscina da hidroginástica.
Alisava o macarrão com mãos de fada e unhas de bruxa. Uma indiscreta colega de malhação jura que ouviu dela um baixinho balbuciar com aquele nhenhennhém mal intencionado: “vem cá meu fetucchine!!!”
Sereia da piscina montada no macarrão de isopor, com um cavalgar ritmado, da Glória imaginava suculentos pratos de massa que compuseram a sua infância de tradição napolitana. Molhos brancos, vermelhos, verdes, rose, multicores. Lambuzava os beiços e soltava gritinhos de “uis” e “ais”.
Que delícia esse “Tagliatelli ao Ragu de Pato”. Ai meu “Parafuso à cremosa”! Meu “Penne com Lagosta e Trutas Brancas”!
A malha(ação) daquela Maria tomou atalhos e temperos nunca dantes navegáveis. A molhadinha na hidroginástica, ela fervia soltando a franga no ravióli.
“Ah, meu spaguetti com salsa de funghi à funghetto”, fungava al dente la buona cuccina, como uma velha mamma dando toda a magia culinária a um simples miojo.
Lá ia e lá vinha a gloriosa da Glória cheia de glosas, agarrando-se ao macarrão flutuante com frenesi e estilo. Os gritos e os sinais da boa boca da donna eram audíveis. Uma fantasia veneziana, um sentimento arqueológico romano. Santa ceia, chamem o Papa. Mãos firmes na macarronada, lá ia Glória, a poderosa, sacudindo-se n´água como talharim em fervura. Berrava e até uivava implorando mais spaguetti allá checca.
Assustada, a professora implorava clemência, mas a essa altura a massa da Glória à bolonhesa com sugo de quatro queijos a nada mais atendia.
Duas alunas que nada entendem de massa na fervura, desligaram-lhe o forno puxando-a para fora do isopor, interrompendo o que poderia ter sido o mais cinematográfico orgasmo macarrônico digno de Rita Pavone.
A amiga Maria Aparecida riu de fazer xixi na piscina. Já Maria do Carmo, que bem conhecia o fogo brando de Maria da Glória, comentou saudosa:
- Que sensibilidade... que apetite....mama mia....