segunda-feira, 4 de abril de 2011

BUEIRO-BOMBA. O INIMIGO Nº 1 DO RIO

 

Luis Turiba

De repente vai tudo pelos ares numa explosão de fogo, ferro, cimento, pedras portuguesas, asfalto, carros e até pessoas, não importa se turista, transeunte ou motorista de táxi.

Surge assim como um terrorista invisível, múltiplo e potencialmente bélico, um novo personagem no já conturbado cenário urbano carioca: o bueiro-bomba.

Nenhum traficante ou chefe de milícia é hoje mais perigoso e nocivo à cidadania carioca que um bueiro da Light, empresa que – pasmem e rosnem!!! -, é responsável pela luz que ilumina o nosso dia e noite.

Invisível e traiçoeiro, pois nem o prefeito consegue visualizá-lo ou dominá-lo, esse objeto terrorista já pode ser considerado o inimigo número 1 do povo desta olímpica cidade do Rio de Janeiro.

Sorrateiro, não respira vida embora esteja encrostado nas principais artérias da cidade, parecendo assim peça corriqueira e comum no cenário urbano. Mas quando resolve agir, levantando ao Deus-dará aquela tampa de ferro e aço, cuspindo fogo e terror às quatro esquinas, saiam de debaixo.

Estava eu, por acaso, em Copacabana, numa paralela a Santa Clara, quando o terrorista se auto-explodiu por volta de oito da noite a três quarteirões dali. Cochilava um soninho pré-noite de sexta e quando me dei conta, acordei zoado com uma verdadeira sinfonia de sirenes e sobre-voos rasantes e estéricos de helicópteros da força pública. Dentro do apartamento a cena já era de horror. Imaginem lá fora.

Não sei o que Eduardo Paes pensa desse tipo de caos, mas passado o susto inicial, a Avenida Nossa Senhora de Copacabana ficou deserta como um cemitério pós enterro naquela fatídica sexta-feira. O trânsito ao retor, porém, caótico como a explosão do próprio bueiro.

No dia seguinte, na praia, um cara me perguntou:

-E se o Obama estivesse aí?

Respondi sem pestanejar: "A sétima frota, junto com o FBI e a CIA, invadiriam Copacabana pelo mar !" O cara não teve outra saída a não ser concordar.

O pior dessa ameaça é que o inimigo continua solto e ninguém toma uma providência profunda. Pelos jornais, o presidente da Ligth continua prometendo nova e sensacionais explosões. Meu Deus, onde estamos!!!

Pois voltando da praia, parei na esquina de Santa Clara com Nossa Senhora de Copacabana e fiquei ali quietinho observando os inimigos. Eram uns 10 em cada esquina. Como são quatro esquinas, pude identificar uns 40 bueiros-bomba só ali naquele cruzamento. Da Light propriamente dito são uns 15 daquele de quatro metros de largura, inclusive alguns em pleno asfalto, como aquele que explodiu na Bolivar. Cruz credo, que potencialidade mortífera! Santa Clara que nos proteja.

Nessa horas, me lembro de Dona Lourdes, minha mãe. Ela sempre me dizia pensando no orçamento doméstico:

"Apaga a luz, menino, tá pensando que é sócio da Light!"

Bons tempos! Se viva fosse, Dona Lourdes certamente iria ao Palácio Laranjeiras propor ao governador Cabral uma UPP para os bueiros da Ligth, além, é claro, de um novo tipo de sinalização para as esquinas de Copacabana:

"ATENÇÃO, CUIDADO!!

VOCÊ ESTÁ PASSANDO PRÓXIMO A UM BUEIRO DA LIGHT.

POSSÍVEIS EXPLOSÕES NA ÁREA.

CORRA, SE MANDE, SALVE SUA PELE ANTES QUE SEJA TARDE!!!!"

 


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