Luis Turiba
Anjos existem: não duvidem.
Outro dia mesmo um desses anjos carioquíssimos que andam de carro pelas ruas da cidade, pousou na nossa frente dentro do Túnel Rebouças, quase meia-noite, e nos recolheu de uma tremenda roubada em suas asas bondosas, seguras e solidárias.
Foi assim: pegamos um táxi lata-velha no Jardim Botânico rumo à Laranjeira e Catete, depois de uma pizza entre amigos para comemorar o aniversário da Valéria Colela. Éramos três.
Pedimos uma corrida via Túnel Rebouças pra encurtar caminho até Laranjeira e depois o táxi segueria até o destino final no Catete, onde moro.
Dentro do túnel, o lata-velha começa a dar xabú, a pipocar, a falhar e perde velocidade até que apagou de vez e lá trás vem aquele monte de carros piscando o farol a 100 por hora na pressa de chegar em casa. Não tivemos tempo nem para aquele pânicozinho básico.
Minha primeira idéia foi rogar ao motorista que ligasse imediatamente o pisca-pisca, se ele ainda existisse, enquanto soltávamos do táxi para subir na rampa de pedestres e nos proteger contra aquele sombrio movimento. Fazia frio e muito gás carbônico no ar.
Sorte que logo chega o guincho do socorro. Sinal de que o Centro de Controle Rio, que tem olho-vivo em todos os túneis (são 500 câmaras) está funcionando.
Mas o que chamou mais nossa atenção enquanto traçávamos uma rota de saída (tudo em questão de segundos), foi um carro de luxo que parou propositalmente à frente do táxi enguiçado e engasgado. Era um desses carros bem grandes e tinha uma cadeira de bebê no banco de trás.
Dentro, uma senhora muito bem vestida com pinta de vovô e ex-funcionária da Receita Federal e do Banco Central, de nome Angela (anjo não tem sexo, mas às vezes tem nome), acho eu, foi logo dizendo para minha amiga Déa que havia se dirigido a ela, enquanto eu acertava a conta com o taxista:
- Vamos lá, entra logo aí que levo vocês.
Leva?! Como assim. Quem era essa pessoa que tão rapidamente surgiu do nada para nos socorrer dentro de um túnel esfumaçado, barulhento, tenebroso.
Déa comandou essa operação carona. Silvana também topou entrar nas asas angelicais e sentei na banco da frente para sair o mais rápido possível daquele túnel de venenos, buzinadas e perigos. O lata-velha ficou lá sendo socorrido.
De repente, o anjo (ou anja) que estava indo para a Tijuca, desviou seu caminho para deixar minhas amigas em Laranjeiras por trás da Rua General Glicério. Afinal, moças não podem andar sozinhas em ruas desertas depois de onze horas.
Segui com aquele anjo que queria até o Largo do Machado. No caminho, onversamos um pouco:
- Que sorte a nossa, heim, encontrar a senhora dentro do túnel...
- Ah, isso faz parte da minha vida. Fui educada pela minha mãe a não deixar ninguém na mão. Socorrer sempre, ser solidária sempre. Ela tem 95 anos e formou legiões de pessoas.
- Sua mãe foi professora?
- Ela ajudou muita gente dando aulas e formando pessoas para a vida.
- Então está no seu DNA prestar esse tipo de atitude, o gesto da solidariedade.
- Claro que sim. Dirijo sozinha por aí e sempre que posso ajudo a outras pessoas. Sozinha não, pois estou sempre acompanhada de Deus.
Chegamos próximo ao Largo do Machado. "Olha, pode me deixar aqui."
- Então tá. Daqui volto pra pegar o Túnel Santa Bárbara.
- Deus lhe pague, viu. Obrigado pela carona salvadora.
- De nada, vai com Deus. O que fiz é obrigação dos anjos.
Outro dia mesmo um desses anjos carioquíssimos que andam de carro pelas ruas da cidade, pousou na nossa frente dentro do Túnel Rebouças, quase meia-noite, e nos recolheu de uma tremenda roubada em suas asas bondosas, seguras e solidárias.
Foi assim: pegamos um táxi lata-velha no Jardim Botânico rumo à Laranjeira e Catete, depois de uma pizza entre amigos para comemorar o aniversário da Valéria Colela. Éramos três.
Pedimos uma corrida via Túnel Rebouças pra encurtar caminho até Laranjeira e depois o táxi segueria até o destino final no Catete, onde moro.
Dentro do túnel, o lata-velha começa a dar xabú, a pipocar, a falhar e perde velocidade até que apagou de vez e lá trás vem aquele monte de carros piscando o farol a 100 por hora na pressa de chegar em casa. Não tivemos tempo nem para aquele pânicozinho básico.
Minha primeira idéia foi rogar ao motorista que ligasse imediatamente o pisca-pisca, se ele ainda existisse, enquanto soltávamos do táxi para subir na rampa de pedestres e nos proteger contra aquele sombrio movimento. Fazia frio e muito gás carbônico no ar.
Sorte que logo chega o guincho do socorro. Sinal de que o Centro de Controle Rio, que tem olho-vivo em todos os túneis (são 500 câmaras) está funcionando.
Mas o que chamou mais nossa atenção enquanto traçávamos uma rota de saída (tudo em questão de segundos), foi um carro de luxo que parou propositalmente à frente do táxi enguiçado e engasgado. Era um desses carros bem grandes e tinha uma cadeira de bebê no banco de trás.
Dentro, uma senhora muito bem vestida com pinta de vovô e ex-funcionária da Receita Federal e do Banco Central, de nome Angela (anjo não tem sexo, mas às vezes tem nome), acho eu, foi logo dizendo para minha amiga Déa que havia se dirigido a ela, enquanto eu acertava a conta com o taxista:
- Vamos lá, entra logo aí que levo vocês.
Leva?! Como assim. Quem era essa pessoa que tão rapidamente surgiu do nada para nos socorrer dentro de um túnel esfumaçado, barulhento, tenebroso.
Déa comandou essa operação carona. Silvana também topou entrar nas asas angelicais e sentei na banco da frente para sair o mais rápido possível daquele túnel de venenos, buzinadas e perigos. O lata-velha ficou lá sendo socorrido.
De repente, o anjo (ou anja) que estava indo para a Tijuca, desviou seu caminho para deixar minhas amigas em Laranjeiras por trás da Rua General Glicério. Afinal, moças não podem andar sozinhas em ruas desertas depois de onze horas.
Segui com aquele anjo que queria até o Largo do Machado. No caminho, onversamos um pouco:
- Que sorte a nossa, heim, encontrar a senhora dentro do túnel...
- Ah, isso faz parte da minha vida. Fui educada pela minha mãe a não deixar ninguém na mão. Socorrer sempre, ser solidária sempre. Ela tem 95 anos e formou legiões de pessoas.
- Sua mãe foi professora?
- Ela ajudou muita gente dando aulas e formando pessoas para a vida.
- Então está no seu DNA prestar esse tipo de atitude, o gesto da solidariedade.
- Claro que sim. Dirijo sozinha por aí e sempre que posso ajudo a outras pessoas. Sozinha não, pois estou sempre acompanhada de Deus.
Chegamos próximo ao Largo do Machado. "Olha, pode me deixar aqui."
- Então tá. Daqui volto pra pegar o Túnel Santa Bárbara.
- Deus lhe pague, viu. Obrigado pela carona salvadora.
- De nada, vai com Deus. O que fiz é obrigação dos anjos.
2 comentários:
Bela história, Turiba. Obrigado por reparti-la com a gente
cristovam buarque
muito querido poeta andarilho. sim, anjos existem. anjos são amigos. temos anjos.quando estamos atentos, PERCEBEMOS/RECONHECEMOS os ANJOS que, diariamente, nos acompanham. BINGO!
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