domingo, 10 de maio de 2009

ALGUNS POEMAS DE BIC PRADO

Do seu “Poemas de um livro verde” selecionamos os seguintes poemas ecominimalistas de Bic Prado


O VÔO

O PÁSSARO SE ESTICOU NO VARAL
VAROU MINUTOS VARIANDO
DEPOIS
PULOU DESENCABULADO
E TOMOU
PASSO VOANTE
NO CÉU



PASSARINHO
EI PASSARINHO
FAZ O TEU NINHO
NA MÃO
DO MEU CORAÇÃO


AMOREIRA

Dessa árvore bem-te-vi gosta
Nasce nela desfruta e goza

Não é macieira
Pode ser pau pereira
Pode ser moçambé
Bem
Eu vi árvore
Coisa grande ela é
Pisa fundo com raiz
de pé na terra

Pega a chuva e pega raio
pega vento, passa bicho
Anda a moça, anda a preguiça
Vai a onça e a formiga

só não sobe jacaré



BICICLETA DUAS RODAS


LEVE
COM
BUS
TÍVEL
CEM
POR
CENTO
NATURAL
EMOÇÃO
NOS
CORPOS
COMO
O
VENTO

ANDO MAIS DE BICICLETA


O coisificado

sacos feitos pras coisas
sacos brancos
pretos
azuis
caramelados

flutuam plásticos
avoados diante dos olhos carregados

brilham derretidos fora
dos hiper super mega mercados
pagos



IPÊ ROXO BANANA AMARELA

EU FUI PLANTAR LÁ NO FUNDO DO JARDIM
UMA MUDA DE LARANJA E UMA RAMINHA DE ALECRIM

EU FUI PLANTAR MARGARIDA NO JARDIM
ROSA BRANCA E CANELA E TAMBÉM ROSA AMARELA

EU FUI BANHAR LÁ NA MORADA DA MATA
CAJUEIRO, COPAÍBA, O SOL QUENTE, A ÁGUA DADA

A BANANA É DA ÁGUA, A BANANA É DA TERRA
A BANANA É CATURRA, ROXINHA E AMARELA
A BANANA É AMARELA, VEIO LÁ DA CASA DELA
DONA BRANCA, DONA PRETA, DONA FLOR E DONA BELA

O IPÊ DÁ NO CERRADO E TAMBÉM DÁ NA CIDADE
BANANEIRA DÁ PLANTANDO COM MUITA DIGNIDADE

O IPÊ DÁ NO CERRADO, DÁ NA MATA E NA FLORESTA
DÁ FLOR BRANCA, DÁ FLOR ROSA, FLOR VERDINHA E AMARELA

E TEM COLHEITA LÁ NO MEIO DO JARDIM
A MANGUEIRA TÁ DE FRUTA DOCE E AMARELINHA

E CHOVEU LÁ, BEM NO MEIO DO JARDIM
LÁ NO CAMPO, LÁ NA MATA, NA CIDADE E NO CAMINHO

PLANTA SEMENTE PRA CIDADE VERDEJAR
O MUNDO FICA MAIS FRESCO, NATUREZA VAI GOSTAR




A Rosinha do meu Jardim

Por que buscar dos olhos além mar se temos as flores tão apertadas nas visões da virtude de amar?
Há quantos olhos sei dos sóis que subirão altos dias de minha existência?
Poetas distantes e tão perto dos montes sagrados, singrando horizontes vastos e luminosos, com frescor de brisa úmida e vaporosa. Buscando o sonho humano, exato, coração rosado e palpável.
De amor de rosas, luzindo cheiros frescos nas cartas.
Mandei trazer as pedras de cristal, para varrer o chão primaveril do meu quintal, e ver se nasce a luz do chão e margaridas na amplidão, tão cheirosas e amarelinhas que ascendam alegria divina, soprando o gozo do amor então. Num solfejar de tons em notas e cor em luzes, a bordar as expressões das faces, dos olhos, as mãos e gestos e mais e mais e mais então.
Aprontar a espera e esperar a ponta da hera acordar coradas madrugadas. Abraçar os troncos, os membros, numa fome de calar e sentir o amor entrando e toda luz reinando. E assim seja fosse tão doce, como as árvores. E ser a entrega e ser sem ser cedo, ser o elo, o sorver das irisadas entradas, os riachos. Ser o júbilo e o regozijo e ser semente e sol e fundo, ser anzol, raiz, serenando dias de peixes. E resistir até o fim

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