Por Luis Turiba
Ele tira magos da cartola e dançarinas do punho da camisa só para criar seus textos lisérgicos para retratar um mundo alegórico.
Zuca Sardan teve sua primeira aparição no histórico livro “26 Poetas Hoje”, da professora Heloisa Buarque. Era um luxo entre os poetas marginais
Seu livro mais recente, “BABYLON – MYSTÉRIOS DE ISHTAR”, com folhetins do poeta Zuca Sardan, saiu pela Companhia das Letras. Está à venda nas principais livrarias do ramo. Imperdíiiiiiiiiivel e indispensáaaaaavel instrumento de sabedorias poéticas.
Independente dos livros, Zuca panfleta cosmicamente folhetins pelo planeta. As histórias chegam por correio, via internet, de mão em mão
Zuca é um caso à parte da Poesia Brasileira Contemporânea. Diplomata como Chico Alvim, vive em Hamburgo na Alemanha, mas não deixa de estar presente em cada esquina de Brasília, em cada favela graffitada do Rio de Janeiro, em cada engarrafamento de São Paulo.
Apresentação do seu “Mystérios de Ishtar”
“Tudo começa atrás das muralhas do castelo da deusa Ishtar, pra lá de Bagdá, quando o sábio Fumegas vai indagar sobre os mistérios da Babilônia; a divindade responde enigmaticamente, é claro.
Em seguida vêm deuses e imperadores, gárgulas e cetros, bulas e lauréis, tridentes e morcegos...A bruma é espessa.
Mas há também cumbucas e botijões, pneus e buzinas; a própria Ishtar, “das ameias faz psiu para os passantes”; há o doutor Gamboa, o leão Pandomir, o papo Pasquale e a trupe que Zyca Sardan, vale psicopompo, recrutou para tocar a ação mirabolante.
Ela prossegue em Bagdá, Roma, Egito – e há quem sinta até uma brisa de Rio de Janeiro...
O fato é que, sejam lá quais forem os tais mistérios, estes Mystérios de Ishtar conduzem o leitor a uma viagem lúbrica por todas as esferas dos cosmos: dos planetas e constelações aos ringues e mafuás.”
ZUCA FOI UM DOS PILARES DA REVISTA BRIC-A-BRAC
Na revista Bric-a-Brac n º3 – publicação de poesia experimental publicada em Brasília de 1985 a 1992 -, lá estava ele em furo de reportagem da editora Lúcia Leão, que desvendou os “mystérios” do nosso bardo em “folhas sparsas”. Ela escreveu:
“Foi uma aparição rara, a luz do dia. Zuca Sardanga, que já foi Sardana, é fluido e costuma só se materializar à noite, no limite letárgico entre a vigília e o sono. Mas naquela tarde ele brindou publicamente, na cervejaria Schopenhauer, com copos de chopp, a recuperação do seu “g”, surrupiado pelo mau-caráter Arsênio Salieri.
“O velho Zuca é meio fantasmal, e facilmente se evapora, tão logo procura se tornar mais objetivo...”, observa o conselheiro Felype Saldanha, diplomata brasileiro, que empresta desde o nascedouro, inteligência e forma ao personagem-poeta.
ZUCA,SEGUNDO CHICO ALVIM
Francisco Alvim
Revista Bric-a-Brac nº 3,
“Capitão Fantasma. Acho que foi esse seu primeiro pseudônimo literário. Mas é possível que eu me engane e que, na pia batismal, ao receber os santos óleos, com exemplar discernimento – impensável em qualquer outro bebê -, já chamasse a si mesmo de sábio nenê ou então de flibusteiro nenê embusteiro.
Pois a verdade é que durante toda a vida, Zuca Sardana (hoje Sardan) tem-se empenhado numa busca incessante de aventuras, conjugada a um esforço de eflexão permanente, cujo último propósito é o de alcançar – e transmitir para as gerações presentes e futuras – a sabedoria. Ele seria a versão hodierna dos filósofos guerreiros da antiguidade ocidental (ou o que talvez fosse mais verdadeiro, dos orientais filósofos mandarins).
Versão bastante modificada, é bom que se diga, pois a poesia de Zuca é o relato cheio de humor da antiépica dos tempos modernos. E sua filosofia, um irônico exercício sobre a inanidade do esforço especulativos dos homens, o qual se torna apenasmente cômico quando confrontado às realidades estúpidas e banais de nossas vidas.”
(...)E o que falar dos desenhos que acompanham os textos? O leitor terá uma pálida amostra no que ilustra esta crônica. Zuca é um desenhista sem igual. Uma vez criou um álbum - obra-prima que expressivamente intitulou "Visões do Bardo". Nele, conta uma saga, em imagens, que Alice poderia ter confidenciado ao Barão de Itararé - torvelinho de figurinhas, onde borboletas cruzem com pquenos jornaleiros, a preceptora de elefantes com o chim corredor.
O herói de Sardana é um ser metamórfico (e metafísico), a oscilar entre a fralda e o fraque, a chupeta e o cavanhanque; capaz de grandes tiradas filosóficas e ainda não desmamado de tetas opulentas. Personagens de uma idade inconcebível, espécie de infância vetusta, onde transitassem bebê-anciões. Utilizao encanto dos mitos infantis para melhor desvendar aos adultos os desencantos do mundo."
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2 comentários:
Maria Elisa escreveu
Turiba, uma novidade mais recente: o n° 73 (de 2008, são 6 números por ano) da revista "la página", de Tenerife, nas Ilhas Canárias, é inteiramente dedicado do Zuca. A revista é o que pode haver de mais chique! e-mail lapaginaed@telefonica.net ; é dirigida por Domingo-Luis Hernández.
Aconselho vivamente que você consiga uma (a minha é filha única, foi presente do Zuca, e veio pelo correio).
Mais uma: você já entrou no site www.memoriagraficabrasileira ? Dá inclusive acesso a todos os números da Paratodos e de O Malho quando dirigidos por J.Carlos (você pode folhear as revistas com o mouse), tem cartemas do Aloísio Magalhães, e o Zuca vai ser incluído! Quando rolar te aviso.
Beijos, MElisa
Conheci Zuca em Moscou. Estava, então, disfarçado de conselheiro de embaixada. Estava triste pois deixara de ser o mais antigo primeiro secretário e passara a ser o mais novo conselheiro...Conversávamos muito. Tempo das olímpiadas de Moscou. Ele e criou as Olympíadas Sociais...
Saudades são muitas.
Obertal Obertalovitch
obertal@globo.com
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