quarta-feira, 27 de maio de 2009

RENATO RUSSO MORREU MAGOADO COM BRASÍLIA

O jornalista e escritor Carlos Marcelo, editor do Correio Braziliense, mergulhou fundo no baú de memórias deixado pelo poeta-roqueiro Renato Russo, da Legião Urbana, para escrever o livro biográfico "Renato Russo, Filho da Revolução", a ser lançado no próximo dia 2 de junho, no CCBB.
Renato foi um ser complexo, inquieto, criativo, mas acima de tudo afirmativo no que sonhava e fazia.
Aqui, Carlos Marcelo responde a cinco perguntas sobre o personagem do seu livro. Comoe quem foi Renato Russo:


- Você acha que Renato Russo é um realmente mito de Brasília?
Um ídolo, com certeza. O mito ainda está em formação, como a identidade de Brasília também ainda está em construção. Mas, cada vez que vejo crianças e adolescentes da cidade cantando hoje em dia as músicas que o Renato escreveu há mais de duas décadas, percebo que a consolidação do mito é inevitável por conta da permanência da obra.

- Na sua opinião, o que mais se destaca na biografia dele: o poeta, o roqueiro, o intelectual ou o ser político?
Tudo ao mesmo tempo, como diriam os Titãs. Como tentei reconstituir o período de formação do Renato, percebi que ele experimentou todas as formas de expressão (teatro, cinema, literatura, poesia, jornalismo) antes de se consolidar como líder da Legião. Então, suas letras refletiam esses múltiplos interesses. Era um roqueiro altamente politizado, e um compositor altamente intelectualizado.

- Seu livro é também uma aula de história contemporânea do Brasil. Por que você resolveu lincar as duas coisas?
Primeiro, pela coincidência de o Renato ter nascido no mesmo ano que Brasília (1960) e ter chegado ao planalto no início da adolescência, em 1973. Achei que era possível traçar a trajetória de formação de um jovem nos anos 1970 em paralelo à de uma cidade igualmente adolescente - mas, para isso, era preciso contextualizar o surgimento dessa capital nascida de uma utopia que logo foi frustrada. E, depois, por identificar nas letras do Renato diversas referências a fatos ocorridos no século 20 em Brasília, no Brasil e no mundo. Mas tentei fazer isso sem didatismo, mais preocupado em obter fluência narrativa do que em enfileirar fatos históricos.

- Qual a melhor música de Renato Russo?
Gosto muito de "Baader-Meinhof Blues", "Tempo Perdido" e "Perfeição", mas acho que "Faroeste caboclo" é a composição mais impressionante não só pelo tema brasileiríssimo mas pelo vigoroso encadeamento da narrativa até o desfecho cinematográfico - não à toa, está sendo adaptada para o cinema pelo diretor René Sampaio.

- Se vivo fosse, o que ele pensaria do cinquentenário de Brasília?
Não sei. Renato tinha uma relação de amor e ódio com Brasília e pensou em escrever sobre a cidade nos últimos anos de vida - deixou anotações em manuscritos que comprovam essa intenção, como uma letra inédita, "Setor de Diversões Sul". Mas ficou muito magoado com a reação de pessoas da cidade após o conturbado show do Mané Garrincha em 1988. Ele nunca declarou publicamente se tinha superado essa mágoa ou se a carregou até a morte.

3 comentários:

luis turiba disse...

Conceição Moreira Salles escreveu:

"Parabéns, Turiba, pelo seu blog!
Está excelente. Vou divulgá-lo para a mala-direta da Biblioteca.
Grande abraço,
Maria da Conceição Moreira Salles
Biblioteca Demonstrativa de Brasília"

Anônimo disse...

Oi, Turiba, tudo bem?
Estou gostando muito de visitar esse espaço tão comprometido com o conhecimento. Parabéns... Adorei a matéria aí do livro do Carlos Marcelo. Adoro o Renato Russo, sou dessa geração, apesar de não a ter vivido intensamente já que nessa época morava no interior, bem no interior, e os ritmos demoravam um teco pra chegar lá... Mas eu sou apaixonada pela Legião Urbana, pelo Renato e acho que já estou gostando do escritor Carlos Marcelo.
Obrigada pela leitura agradável....

Rosa Amarela disse...

O comentário aí de cima é de Rosamélia. Lembra de mim? ficou de mandar um texto: O minério é de .... Lembra?