domingo, 17 de maio de 2009

CAETANO SE REINVENTA NO SHOW ZII E ZIE

Luis Turiba

O show que estreou turnê nacional por Brasília começa com Caetano Veloso cantando “A VOZ DO MORTO”, um samba que fez no início da carreira, na década de 60, para Araci de Almeida cantar em homenagem ao Paulinho da Viola. Um resgate histórico saboroso.

Eis a letra

Estamos aqui no tablado
Feito de ouro e de prata
De filó de nylon
Eles querem salvar as glórias nacionais
As glórias nacionais, coitados

Ninguém de salva, ninguém me engana
Eu sou alegre, eu sou contente, eu sou cigana
Eu sou terrível, eu sou o samba
A voz do morto, os pés do torto
O cais do por, a vez do louco, a voz do mundo
Na Glória

Eu canto o mundo que roda
Eu e o Paulinho da Viola
E viva do Paulinho da Viola
Eu canto com o mundo que roda
Mesmo do lado de fora
Mesmo que eu não cante agora
Ninguém me entende, ninguém me chama
Mas ninguém me prende, ninguém me engana
Eu sou valente, eu sou o samba
A voz do morto, os pés do torto, atrás do murro
Rapaz do mundo, a vez de tudo
Na Glória (breque)


É o caso de perguntar: como pode um samba de mais de 40 anos ser cantado de uma maneira tão pós-tudo como se tivesse sido ontem?

E assim Caetano Veloso seguiu intercalando músicas antigas com as do CD Ziie Zie. Cantou “Objeto Não Identificado” e “Betânia”, a quem dedicou a memória do teatrólogo e criador Augusto Boal, que dirigiu a todos os baihanos, inclusive a ele mesmo, no “Arena Canta Bahia”.Isso em falar da espetacular e ousada poetação de “Eu sou Neguinha”. Caetano é um ator.

Ao voltar para o bis, Caetano nos brindou com “Incompatibilidade de Gênios”, este samba antológico de João Bosco, que já foi gravado por muita gente, entre as quais destacam-se Chico Buarque e Clementina de Jesus. Mesmo assim, ele conseguiu dar sua interpretação, como sempre única.

Sobre “Zii e Zie” já fiz um comentário neste blog, mas destaco a interpretação de “Lapa”, um verdadeiro transamba-clip musicovisual do histórico e sempre boêmio bairro carioca, tão cantando por Noel Rosa e também Chico Buarque.

Enfim, mesmo com o tombo no final, que provavelmente nos causou um aperto no coração, maior do que o que deve ter sentido Caetano Veloso, o show é imperdível em todos os sentidos: luzes, decoração de palco (em um certo momento, voamos pelos ruas de Cuba de Asa Delta) e a sensacional banda dos meninos de “Ce”.
E viva a Caetano que levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima.

2 comentários:

luis turiba disse...

Fernanda Lambach escreveu:

"É por essas e mais outras que a Lu quis nascer antes da hora.
Bj"

luis turiba disse...

Sylvia Cyntrão escreveu:

Querido amigo,

Ontem não pude ver nosso Caetano pois meu filhote casou-se em cerimônia bem íntima e depois fizemos uma festa de confraternização aqui em casa.

Palma para Caetano!!!
Beijos para você!
Sylvia