Brilhante ao Sol do Novo Mundo, Brasília, do Sonho à Realidade, a Capital da Esperança
Na noite da ultima quarta-feira, 17, a direção da Beija-Flor de Nilópolis apresentou a sinopse do enredo para o carnaval de 2010 para a comunidade da cidade, no Rio. A apresentação foi feita simultaneamente para os compositores da escola e também para os de Brasília, que terão direito a inscrever seus sambas. Isso aconteceu graças a uma teleconferência, via internet, a primeira ocorrida entre sambistas de Estados diferentes. O diálogo entre a Beija-Flor e Brasília durou mais de quatro horas com transmissão ao vivo. Em Brasília, os sambistas estavam na sede da ARUC, no Cruzeiro.Os compositores de Brasília poderão apresentar seus sambas até o dia 7 de agosto, com cinco cópias da letra e uma versão cantada em CD. A seleção dos quatro (4) sambas que irão participar da seleção final em Nilópolis será nos dias 8 e 9. Do júri farão parte a comissão de carnaval da Beija-Flor, o secretário de Cultura Silvestre Gorgulho e, provavelmente, o vice-governador Paulo Octávio.Conheça agora a sinopse que dará origem ao enredo da Beija-Flor para o próximo carnaval.
"Reluz meu samba como cristal brilhante, a refletir neste instante, mais um sonho encantado, a emanar sua energia, como alvorada que anuncia o dia, resplandecendo o Planalto Central.
Vai Beija-Flor aventureiro, abre as asas, abraça o cerrado brasileiro, traz Brasília em seu carnaval...
Faz a anunciação da terra prometida, entressonhada e celestial, da divina visão de Dom Bosco, em sua viagem no espaço do tempo, nos paralelos do futuro virtual. E torna o mito “Goyaz”, uma verdade, uma história de amor pra eternidade, de Paranoá, guerreiro, um lago de lágrimas, de Jaci, um luar de paixão, a espreitar, num olhar azulado, a bela índia alada, que jaz, por Tupã enfeitiçada, deitada pra sempre em seu chão.
Emerge do passado a sua herança, do coração do Egito, coincidência, inspiração... Aketaton, gêmea ancestral do deserto, que se esplanou em largos espaços abertos, em templos, “estelas”, em reverência ao sol, abrindo-se, feito asas, norte e sul, qual vôo de íbis, ave sagrada, em seu vôo na imensidão.
Que se abram suas páginas de história, de desbravamento e bravura, de onde em busca de riquezas se ergueram bandeiras, que rasgaram o seu coração, que ainda criança, pulsava invisível e sereno, entre as matas desse sertão.
Mostre que sempre foste um sentimento, sonho e predestinação, por ser de fato o centro, deste imenso florão e que da colônia ao império, adormeces-te em ideais, como um ponto de vista de quem enxergou à frente, além da própria visão pois viste correr o tempo, entre tormentas, revoltas e insurreições e que da tempestade, sentiste os novos ventos, que ainda que tarde sopraram a liberdade e que após “o brado forte e retumbante”, o patriarca te batiza, de Brasília, afinal.
Que da inquietude da República foste sempre um desejo, a ânsia de realizar, e foi assim disposta na carta magna, como um vislumbre, um definitivo olhar. Viste então a missão científica, em grande marcha para o Oeste desbravar, e a medida que ela avança, abrindo a terra agreste e mansa, veio então te visitar.
Traçaram em seu planalto, um quadrilátero, entre as tortas árvores do cerrado, fauna e flora a se revelar e das entranhas do seu solo rubro, rochas cristalinas que apontam e despontam ao sol a brilhar, de suas veredas, um seio que esbanja ricos mananciais, desnuda o seu berço esplêndido e líquido, sul e norte a desaguar.
Por fim um marco te fecunda a terra, como sêmem de pedra, que do alto da serra vigia teu sono derradeiro e sob o imenso céu a contemplar o cruzeiro faz seu ventre guardar ternamente, o alvorecer do novo tempo brasileiro.
Mas eis que do horizonte faz luzir a modernidade como um raio intenso e verdadeiro e de minas sopra “Venturis”, varrendo os anos dourados, de esperança e prosperidade, e JK segue adiante, acordando enfim, o gigante, com seu ímpeto aventureiro.
E um país se redescobre ao mirar-se no espelho do futuro, é o querer, a coragem, o poder e fazer... E uma caravana parte, épica, qual êxodo caboclo, epopéia de pioneiros, desterrados candangos, operários guerreiros, vários Brasis, num só Brasil que se juntam a construir e a crescer...
De uma cruz esboçada em papel, ergue-se em aço uma cidade, elevando-se ao céu em silhueta de arrojo, um prodígio em traços simétricos, de volume e equilíbrio, abstrata e concreta, o contraste. Brasília nasce, num parto de vitória sobre as mentes conformistas e se faz triunfo de Juscelino, de Lúcio e Oscar, viva e ávida, pássaro dos sonhos, o próprio sonho querendo voar. E se mostra assim, branca de luz de sol de abril, de tantas mentes, de tantos braços, tanto suor, tantas lágrimas, de tantos, de todos nós, do Brasil!
Hoje, do Sonho à realidade, ela brilha! E a cada alvorada, se reinventa e re-existe, virtual e jovem, eclética e mística, cidade criança e da esperança, a “esquina do Brasil”, Babel de sotaques, mistura, um caldeirão cultural, alfabética e numérica, superlativa, absoluta, sintética, artística, letra e música, Bossa, nova, nossa, capital... Somos todos partes desse corpo, da nave-mãe de asas abertas em seu imenso abraço norte e sul, como ave que hoje voa em nosso mundo encantado, a terra do carnaval.
Somos todos “candangos” a construir um sonho, somos “calangos” irmãos sob o mesmo céu estrelado, somos você, Brasília, nas asas de um Beija-Flor que vêm te beijar agora, como se fosse flor, A flor do cerrado!"
Alexandre Louzada, Fran Sérgio, Laíla e Ubiratan Silva
Comissão de Carnaval 2010