terça-feira, 17 de agosto de 2010

"CADÊ O SINDICATO QUE ESTAVA AQUI?"

DVD
História de resistência e irreverência

Vídeo sobre o Sindicato dos Jornalistas do DF evoca lutas políticas e culturais, como a criação do Pacotão

·  Viviane Marques
Especial para o Correio


Aureliza Corrêa/Esp. CB/D.A Press - 1/2/10

Luis Turiba: "Essa memória dos anos de chumbo precisa ser contada"


Sindicato dos Jornalistas do DF/Reprodução

MEMÓRIA DO SINDICATO
Lançamento do DVD Cadê o sindicato que estava aqui?. Hoje, às 19h30, no auditório Maestro Sílvio Barbato do Sesc do Setor Comercial Sul (Edifício Presidente Dutra, ao lado do Edifício Oscar Niemeyer). Preço: R$ 30, com renda revertida para o Clube da Imprensa.

 

O Boldo Bar, uma tapera nos fundos do terreno do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), é palco de algumas histórias divertidas contadas no DVD Cadê o sindicato que estava aqui?, primeira etapa do projeto Memórias do Sindicato dos Jornalistas do DF. Sob coordenação do jornalista Luis Turiba e do produtor audiovisual Maxtunay França, o vídeo será lançado hoje, às 19h30, no Sesc do Setor Comercial Sul. O filme lembra alguns fatos marcantes da história da instituição, entre eles a criação do Clube da Imprensa e do bloco carnavalesco Pacotão, bem como a eleição de Carlos Castello Branco, o Castellinho, seu primeiro presidente.

A demolição da antiga sede foi o mote para que veteranos das redações brasilienses se reunissem em torno de "causos" e contassem histórias pessoais que se enredam com suas trajetórias profissionais. "Ali aconteceram muitas lutas, assembleias históricas. Além de registrar o momento das máquinas derrubando o prédio, aproveitamos para ouvir ex-presidentes e conhecedores dessa história, como Clóvis Senna e Rubens de Azevedo Lima", explica o jornalista Luis Turiba, responsável pelo conteúdo do filme.

O terreno do Setor de Indústrias Gráficas onde ficava o sindicato foi vendido para uma construtora e no local já está sendo erguido um edifício comercial. Lá, ficará instalada a nova sede do sindicato — que está funcionando, provisoriamente, no Clube da Imprensa — e salas comerciais, algumas cedidas a ele em pagamento e cujos aluguéis gerarão renda à instituição.

Uma curiosidade diz respeito ao próprio título do documentário, que seria Por dentro da máquina de escrever. Um dia, no entanto, depois da demolição do prédio, Turiba passou, acompanhado de uma amiga, em frente ao terreno, e percebeu um grande buraco prestes a receber fundações. Ela, sem saber do que se passava, soltou a frase: Cadê o sindicato que estava aqui?. Foi difícil resistir à deixa que deu o nome final do filme.

Dividido em capítulos, numa ordem quase cronológica, o filme tenta fugir do registro puro e simples. O som (já ausente das redações) das batidas no teclado da máquina de escrever introduz os capítulos, acompanhado de poemas do curitibano Paulo Leminski. Imagens de arquivo, músicas incidentais também entremeiam os depoimentos de 15 veteranos jornalistas locais, cujas falas foram colhidas em clima informal. Foram duas rodadas de entrevistas: a primeira, num café da Asa Norte; a outra, no Clube da Imprensa.

O Boldo Bar, por exemplo, era o ponto de encontro antes e depois das assembleias. Em 1989, como o prédio do sindicato estava sendo usado como passagem para frequentadores do bar, resolveu-se erguer um muro separando as duas construções. O fato gerou um editorial, publicado no Correio, em que jornalistas protestavam, comparando a recente queda do muro de Berlim à malfadada parede que dificultava o acesso ao bar.

Uma dificuldade enfrentada por Turiba foi o levantamento documental — fotos, vídeos e outros documentos que contassem, por si, trechos da história do sindicato, tido pelos membros como um símbolo de resistência ao governo militar. "Quem poderia ter fotos de antigas assembleias, por exemplo, não conseguiu encontrar os negativos. Muitas imagens são do meu arquivo pessoal, outras consegui no Google", conta o jornalista, que considera o DVD a primeira etapa da recomposição da memória do SJPDF. "É uma obra em construção. Sua divulgação pode fazer com que muita gente se movimente e vasculhe suas gavetas em busca de fotos e outros registros. Essa memória dos anos de chumbo precisa ser contada. Houve material coletado que não entrou na versão final. Pode ser que o projeto continue em um livro ou em outro DVD. Esse foi o pontapé inicial, vamos ver como a turma reage", resume.


Um comentário:

Blog do Rueda disse...

Quero o meu DVD! Acompanhei isso de perto! Hehehehehe!