Inauguro esta news-letter poética, que passo a enviar semanalmente, com a "Cantiga da baixa umidade", escrita há dois anos, em plena seca. Naquele ano o ápice da secura foi em setembro (este ano parece que agosto é o mês mais seco, basta verificar a quantidade de queimadas em todo o nosso centro-oeste e as baixas taxas de umidade que temos enfrentado).
PAULO JOSÉ CUNHA
Diz assim:
CANTIGA DA BAIXA UMIDADE
O mato estala nos campos de setembro
onde a vida perde o viço
e o mundo é palha.
Tudo é fumo no horizonte desses campos
lavados ao calor que avança em ondas.
O peito dói, e se esfarela
como o barro calcinado nas queimadas.
Uma angústia se instala sem aviso.
Todo gesto é lento.
Até o silêncio agride.
Derrotado à fornalha dos cerrados,
o frágil coração nem mais bombeia.
O sangue vira pó dentro da veia.
Nesta umidade baixa e relativa,
qualquer canto de sereia me cativa,
qualquer ponta de cigarro me incendeia
onde a vida perde o viço
e o mundo é palha.
Tudo é fumo no horizonte desses campos
lavados ao calor que avança em ondas.
O peito dói, e se esfarela
como o barro calcinado nas queimadas.
Uma angústia se instala sem aviso.
Todo gesto é lento.
Até o silêncio agride.
Derrotado à fornalha dos cerrados,
o frágil coração nem mais bombeia.
O sangue vira pó dentro da veia.
Nesta umidade baixa e relativa,
qualquer canto de sereia me cativa,
qualquer ponta de cigarro me incendeia
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