sábado, 12 de setembro de 2009

ANA MAGALHÃES HOMENAGEIA OS LOUCOS NO CAFÉ DA RUA 8

Luis Turiba
 

Brasília vive desde quinta-feira um ciclo de festas de ruas. O povo e a juventude aproveitam o tempo de estiagem e ocupam quadras, praças, calçadas.

Na 312 Norte, por exemplo, foi realizado na quinta-feira a 25º Noite T-Bone Cultural, com patrocínio da Petrobrás. Mais de cinco mil pessoas dançaram ciranda, forró, samba e xaxado ao som do mestre pernambuco Antônio Nóbrega até quase meia-noite.  E pensar que tudo nasceu no Açougue Cultural T-Bone. Genial!

Sábado foi a vez do Café da Rua 8, na 408 Norte, realizar a Festa da Independência. Desta vez, todos homenagearam o motoqueiro carcará Laurinho, que faleceu dia 7 de setembro.

A cantora Ana Magalhães, que veio do Rio de Janeiro especialmente para interpretar canções de Noel Rosa, sua especialidade, fez uma belíssima homenagem ao Laurinho, interpretando um texto de Horácio Ferres, musicado por Astor Piazzolla. O café parou, todos nós ouvimos e depois aplaudimos a valer o recital de Ana Magalhães. Eis para vocês o poema de Horácio Ferres...

 

BALADA PARA UM LOUCO

 

Astor Piazzolla e Horácio Ferres

 

Num dia desses ou numa noite dessas,

Você sai pela sua rua ou pela sua cidade ou...

Sei lá, pela vida, quando de repente

Por detrás de uma árvore, apareço eu!!!

 

Mescla rara de penúltimo mendito

E primeiro astronauta a por os pés em Vênus,

Meia melancia na cabeça,

Uma grossa meia sola em cada pé

As flores da camisa desenhada na própria pele

E uma bandeirinha de táxi Livre em cada mão

 

Ah, ah, há!!! Você ri...você ri por quê

Só agora você me viu

Mas eu flerto com os manequins

O semáforo da esquina me abre três luzes celestes

E as rosas da florista estão apaixonadas por mim, juro!

 

Vem, vem, vamos passear

E assim meio dançando, quase voando

Eu te ofereço uma bandeirinha e te digo:

 

Já sei que já não sou, passei, passou

 

A lua nos espera nesta rua, é só tentar

E um coro de astronautas, de anjos e crianças

Bailando ao meu redor, te chama: vem voar!!!

 

Já sei que não sou, passei, passou

Eu venho das calçadas que o tempo não guardou

E vendo-te tão triste, te pergunto: o que falta?

...Talvez chegar ao sol..

- Pois eu te levarei!!

 

Ah! Ah! Ah!

Louco, louco, louco, louco! Foi o que me disseram

Quando disse que te amei

Mas naveguei nas águas puras dos teus olhos

E com versos tão antigos, eu quebrei teu coração

 

Ah! Ah! Ah! Ah!

Louco, louco, louco, louco, louco!

Como acrobata demente saltarei

Dentro do abismo do teu beijo até sentir

Que enlouqueci teu coração, e de tão livre, chorarei.

 

Vem voar comigo, querida minha,

Entra na minha ilusão super-esporte

Vamos correr pelos telhados

Como andorinha no motor, ah! Ah! Ah!

 

Do Vietnam me aplaudem: Viva! Viva!

Viva os loucos que inventaram o amor!

 E um anjo, um soldado e uma criança

Repetem a ciranda que eu já esqueci...

 

Vem! Eu te ofereço a multidão

Rostos brilhando, sorrisos brincando.

Quem sou eu? Sei lá, um....tonto, um santo

Ou um canto a meia voz.

 

Já não sei quem sou, nem seu quem sou

Abraça esse ternura de louco que há em mim.

Derrete com teu beijo a pena de viver

Angústias, nunca mais!!!!

Voar, enfim, vooooaaaarr!!!

 

Ama-me como seu sou, passei, passou

Sepulta os teus amores vamos fugir, buscar,

Numa corrida louca o instante que passou

Em busca do que foi, voar, enfim, vooooaaaarrr!!

 

Ah! Ah! Ah! Ah!

Viva! Viva os loucos, Viva!

Viva os loucos que inventaram o amor,

Viva! Viva! Viiiiiiva!

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