terça-feira, 22 de setembro de 2009

Safra de sambas da Beija-Flor: sem quantidade, mas com qualidade

O jornalista Eugênio Leal, do site www.carnavalesco.com.br, analisa os sambas que cantam os 50 anos de Brasília e estão na final da Beija-Flor. Participei do concurso, estive na quadra da Beija-Flor e fiquei impressionado com o samba de Picolé, Sumaré e Marimba, este último sambista de Brasília e da ARUC. Portanto, o favorito tem um compositor de Brasília. E vamos ver o que diz Eugênio Leal.....(Luis Turiba) 

A Beija-Flor costuma ter pelo menos cinco sambas de excelente qualidade para escolher. E mais uns dez que se aproximam muito deste nível. É, com certeza, a escola que nos últimos anos, teve maior quantidade de bons sambas nas suas disputas. Para 2010 esta quantidade diminuiu. Nem todo mundo atingiu o nível de excelência da escola. Mas a escola não precisa de dez sambas bons, apenas de um. Por isso, a Beija-Flor não terá problemas no quesito para o próximo carnaval. Os sambas abaixo estão na ordem em que se encontram aqui no site, pois não consegui a numeração oficial de disputa da escola.

Picolé  da Beija Flor, Serginho Sumaré, Samir Trindade, Serginho Aguiar, Dison Marimba e André do Cavaco

Um dos sambas do ano, sem dúvidas. Tem na melodia seu ponto forte (muito forte). Ela é de uma ousadia maravilhosa contrastando trechos muito baixos com outros altíssimos numa mistura diferente, mas de uma força incrível. Há tempos não se ouve um samba com o "volume", a consistência, o vigor que este apresenta. Pesado, no melhor sentido da palavra, só poderia mesmo ser cantado pela comunidade de Nilópolis.

É difícil destacar este ou aquele trecho porque todo o samba é gostoso de ouvir e cantar. Mas a preparação para o refrão final é de arrepiar. Parabéns aos autores!

Marcelo Guimarães, Ribeirinho, Paulo Lopitas, Jorge Augusto, Veni Vieira e Domingos PS


É a parceria com maior número de campeões do ano passado. Eles seguiram, claramente, a mesma cartilha do samba de 2009. A estrutura melódica é muito parecida. É um samba valente, denso, encorpado. Transmite com perfeição a idéia do enredo. Faltam, entretanto, momentos de maior liberdade criativa na parte melódica. Não há uma passagem que seja totalmente inovadora, diferente.

Carlinhos Detran, Tomtom, Adilson China, Hugo Leal, Gilson Doutor, Aroldo do CAC

Brilhante construção melódica. Especialmente na segunda parte do samba. Percebe-se a mão de um músico talentoso nos desenhos rítmicos que são muito bem encadeados. E também o cuidado com todos os detalhes da gravação que está excelente. É um samba que dá sempre vontade de ouvir um pouco mais. A exceção é o trecho que talvez seja o mais importante: o refrão final não acontece. Falta pegada, ousadia.     

Cláudio Russo, Veloso, JR, Miguel, Derê e Marquinho Beija-Flor

Ninguém "acerta a mão" todo ano. Depois de uma sequência de grandes obras esta parceria não conseguiu criar um samba com a mesma força para 2010. Não que ele seja ruim. Mas sempre se espera mais de quem sabemos que tem muito talento. Esta obra tem algumas boas passagens, mas carece de um maior vigor melódico e de mais criatividade poética. Não consegue se destacar.
 
Marquinho Lessa, Joel Menezes, Chopinho, Dimenor e Nêgo Lindo

Alterna bons e maus momentos. A letra parece confusa em alguns trechos. A melodia é muito boa na primeira parte, mas se repete na segunda sem grande efeito. O refrão é interessante, mas não traduz a característica poética  da escola nos últimos anos. 

Ademir, Betinho de Pilares, Cirino Nóbrega, Márcio Garcia, Marcos Lauriano e Raimundo Sena

Impressiona pela narrativa simples e direta e pela fluidez da construção melódica. Gosto da continuidade musical que ambos os refrões representam em relação aos trechos que os antecedem. Não há cortes, mas sim uma sequência natural.

Há um trecho na primeira parte que está mal resolvido na gravação. Talvez a inserção de contra cantos tenha prejudicado a percepção do andamento musical naquela parte. Ainda assim merece aplausos pela beleza singular.

Sidnei de Pilares, Jorginho Moreira, Professor Laranjo e JB

Mais uma vez a parceria de Pilares cumpre seu papel com beleza. O samba é poético, emotivo, suave. Muito bonito. A construção é toda redondinha, tanto na música quanto na letra. A boa interpretação de Zé Paulo valoriza ainda mais a obra.

Bello, Gonzaguinha, Anchieta, Bareta e Marquinho Gravino

Tem algumas passagens interessantes de melodia. É uma obra equilibrada e de letra correta.Não figura, entretanto, entre os destaques da safra.

 

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