terça-feira, 15 de setembro de 2009

ZUCA FOI UM "LUXO" DA BRIC-A-BRAC



Na revista Bric-a-Brac n º3 – publicação de poesia experimental publicada em Brasília de 1985 a 1992 -, lá estava ele em furo de reportagem da editora Lúcia Leão, que desvendou os “mystérios” do nosso bardo em “folhas sparsas”. Ela escreveu:

“Foi uma aparição rara, a luz do dia. Zuca Sardanga, que já foi Sardana, é fluido e costuma só se materializar à noite, no limite letárgico entre a vigília e o sono. Mas naquela tarde ele brindou publicamente, na cervejaria Schopenhauer, com copos de chopp, a recuperação do seu “g”, surrupiado pelo mau-caráter Arsênio Salieri.

“O velho Zuca é meio fantasmal, e facilmente se evapora, tão logo procura se tornar mais objetivo...”, observa o conselheiro Felype Saldanha, diplomata brasileiro, que empresta desde o nascedouro, inteligência e forma ao personagem-poeta.


ZUCA,SEGUNDO CHICO ALVIM Francisco Alvim

Revista Bric-a-Brac nº 3,

“Capitão Fantasma. Acho que foi esse seu primeiro pseudônimo literário. Mas é possível que eu me engane e que, na pia batismal, ao receber os santos óleos, com exemplar discernimento – impensável em qualquer outro bebê -, já chamasse a si mesmo de sábio nenê ou então de flibusteiro nenê embusteiro.

[Photo]Pois a verdade é que durante toda a vida, Zuca Sardana (hoje Sardan) tem-se empenhado numa busca incessante de aventuras, conjugada a um esforço de eflexão permanente, cujo último propósito é o de alcançar – e transmitir para as gerações presentes e futuras – a sabedoria. Ele seria a versão hodierna dos filósofos guerreiros da antiguidade ocidental (ou o que talvez fosse mais verdadeiro, dos orientais filósofos mandarins).

Versão bastante modificada, é bom que se diga, pois a poesia de Zuca é o relato cheio de humor da antiépica dos tempos modernos. E sua filosofia, um irônico exercício sobre a inanidade do esforço especulativos dos homens, o qual se torna apenasmente cômico quando confrontado às realidades estúpidas e banais de nossas vidas.”

(...)E o que falar dos desenhos que acompanham os textos? O leitor terá uma pálida amostra no que ilustra esta crônica. Zuca é um desenhista sem igual. Uma vez criou um álbum - obra-prima que expressivamente intitulou "Visões do Bardo". Nele, conta uma saga, em imagens, que Alice poderia ter confidenciado ao Barão de Itararé - torvelinho de figurinhas, onde borboletas cruzem com pquenos jornaleiros, a preceptora de elefantes com o chim corredor.

O herói de Sardana é um ser metamórfico (e metafísico), a oscilar entre a fralda e o fraque, a chupeta e o cavanhanque; capaz de grandes tiradas filosóficas e ainda não desmamado de tetas opulentas. Personagens de uma idade inconcebível, espécie de infância vetusta, onde transitassem bebê-anciões. Utilizao encanto dos mitos infantis para melhor desvendar aos adultos os desencantos do mundo."

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