terça-feira, 29 de março de 2011

LÍNGUA À BRASILEIRA, um poema para MARIA BETHÂNIA

que ensinou nossa geração a amar Fernando Pessoa
 
Luis Turiba  
 
Ó órgão vernacular alongado

Hábil áspero ponteado

Móvel Nobel ágil tátil

Amálgama lusa malvada

Degusta deglute deflora

Mas qual flora antropofágica

Salva a pátria mal amada

 

Língua-de-trapo Língua solta

Língua ferina Língua douta

Língua cheia de saliva

Saravá Língua-de-fogo e fósforo

Viva & declinativa

Língua fônica apócrifa

Lusófona & arcaica

Crioula iorubáica

 

Língua-de-sogra Língua provecta

Língua morta & ressurecta

Língua tonal e viperina

Palmo de neolatina

Poema em linha reta

Lusíadas no fim do túnel

Caetano não fica mudo

Nem "Seo" Manoel lá da esquina

 

Por ti Guesa Errante, afro-gueixa

O mar se abre o sol se deita

Por Mários de Sagarana

Por magos de Saramago

Viva os lábios!

Viva os livros!

Dos Rosas Campos & Netos

Os léxicos, Andrades, os êxtases

Toda a síntese da sintaxe

Dos erros milionários

Desses malandros otários

Descartáveis, de gorjetas.

 

Língua afiada a Machado

Afinal, cabeça afeita

Desafinada índia-preta

Por cruzas mil linguageiras

A coisa mais Língua que existe

É o beijos da impureza

Desta Língua que adeja

Toda a brisa brasileira

Por mim,

                Tupi,

                        Por tu Guesa

      

 

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