terça-feira, 29 de setembro de 2009

BEATLES, A TRAVESSIA PARA A ETERNIDADE


Luis Turiba

 

O universo realmente conspira a favor e o cosmos te presenteia com migalhas milagrosas quando você tem amor no coração, luz na mente e respira profundamente três vezes clamando paz e sabedoria diante das encruzilhadas da existência.

Ual....! Isso até é um tanto piegas, mas comigo sempre funciona. A graça acontece e às vezes a gente nem se dá conta.

 

Pois foi assim sábado passado. Depois daquele merecido pestanão pós-rango, fui à Livraria Cultura dar um abraço no meu amigo Tarciso Viriato que lançava seu catálogo mais recente. Papeia daqui, papeia dali, fugi à francesa para mergulhar na pescaria das estantes. Que maravilha esse fuça-fuça livresco.

Mas entre tantos lindos livros, me hipnotizei mesmo pela coleção remasterizada dos discos do Beatles. Tudo ali de novo, lindo e apaixonante como sempre. Não dá outra; vou ficar por aqui.

Foi difícil decidir qual seria a primeira aquisição da nova coleção. Claro: comprar tudo de novo. Nessa primeira investida nessa recaída roqueira, quase levo o Sgt. Pepper´s. No final, venceu o Abbey Road. Não sabia o por quê?, mas aquele era um presente que eu me devia naquele dia daquele fim de semana. Tudo como nos meus 18 anos, 26 de setembro de 1969. Só que agora, em 2009.

 

E isso tudo tinha lá sua razão de ser: quanta mística em torno do produto mais top dos pops dos últimos estoques. Gostoso ouvir aqueles rocks de Lennon com a desafiada guitarra de Harrison; e as canções britânicas folk de Paul McCartney. Aí, como se não bastasse, vem o melhor: o visual.

Domingo, portanto um dia depois dessa micro viagem transcendental, me deparo com uma brilhante reportagem na Revista O Globo sobre os 40 anos de Abbey Road, "último e melhor disco dos Beatles" e "o culto à capa mais reproduzida da História, em discos, filmes, clipes, anúncios e, claro, revistas.

A própria capa da Revista foi uma releitura gráfica-poética da capa original do aniversariante. Lá dentro, revelações fantásticas na matéria "Se essa rua fosse minha", assinada por Felipe Taborda, com 50 fotos de reproduções da capa original. Um primor textual e visual que vale a pena correr atrás e conseguir um exemplar.

 

De imediato, o que mais me chamou atenção foram alguns números em torno desse objeto hiper-recarimbado que se tornou o Abbey Road, derradeiro disco dos Beatles. Vejam aí: 40 anos de idade; os quatro Beatles tinham menos de 30 anos; a capa do disco é comparada, em termos de imagens, a Mona Lisa e ao retrato de Che Guevara feito por Korda; foram feitos apenas 6 chapas fotográficas; hoje são incontáveis as capas de CDs que copiam a simples idéia do disco; desde o lançamento de Abbey Road, milhares de turistas vão à Londres para visitar e se fotografarem na rua; a referência da capa foi usada até pela Velha Guarda da Portela;  enfim, eles foram os "caras". E só eram quatro. E atenção, please: dois ainda vivem e produzem entre nós mortais do amanhã.

O designer gráfico-repórter Felipe Taborda faz revelações maravilhosas: "Na tarde do dia 8 de agosto de 1969, em um intervalo das gravações, John, Paul, Ringo e George saíram do estúdio e foram para a esquina fazer as fotos da capa do disco. Naquele dia, assim como em qualquer outro, estavam vestindo roupas que eles mesmo escolheram para ir trabalhar. (...) Como era uma tarde de verão, Paul tirou o tênis e atravessou descalço. A foto cinco foi a escolhida."

 

Na última das oito páginas da matéria, tem um micro-artigo de Antonio Carlos Miguel, cujo feliz comentário fecha a reportagem-revelação para toda uma geração:

"Quarenta anos depois, esse clássico instantâneo continua com o corpinho e alma de jovens Beatles. (...) Como todos sabem, meses depois a convivência entre os quatro cabeludos se tornou impossível. E, por linhas tortas – os tiros que abateram o politizado Lennon e o câncer que levou o místico Harrison – ficamos livres dessas patéticas e caça-níqueis voltas das bandas. O que só aumentou o encanto: sem dar chance à decadência, os Beatles acabaram no auge."

Ficou esse diamante: Abbey Road, som e visual. Valeu Liverpool!


3 comentários:

Anônimo disse...

belo texto
bjs
Juvenal

Anônimo disse...

Turiba, só vc para alegrar essa terça pós dia 27. Cosme e Damião. Saudades utopias - tempo em que todos eram vivos e nós tinhamos a eternidade nas mãos
bons dias
pAULO CACO

Anônimo disse...

Adorei, Turibinha!
Compartilho feito alma gêmea do seu sentimento em relação à coleção, que vi como Cris na mesma Livraria Cultura há duas semanas, e tudo o mais q vc diz na crônica...
Os Beatles são eternamente D+!
bjos

Angélica