quarta-feira, 2 de março de 2011

JAPONESAS CAEM NO SAMBA NO RIO DE JANEIRO

Megumi Kudo, passista do Sagueiro(esquerda), é também rainha do samba no Japão (direita)
Fotos do seu arquivo pessoal
 
Com seus olhinhos puxados, seus sorrisos nipônicos, muita vontade de aprender e curtir o "skindô lê lê" brasileiro, os japoneses estão em todas as quadras, nos blocos e levam o melhor do samba para a terra do Sol Nascente

Por Luis Turiba
Megumi Kudo, dançarina; e Massako Tanaka, cantora, são duas mulheres japonesas que escaparam com vida do terremoto de grandes proporções que arrasou a cidade de Kobe, no norte do Japão, no final do século passado, deixando milhares de mortos e pouquíssimos prédios de pé.

Hoje, 20 anos depois da tragédia, elas acabam de se encontrar no Rio de Janeiro por uma razão muito simples: ambas são apaixonadas pelo samba e terminaram dedicando suas vidas a esse ritmo alucinado que causa verdadeiros tremores nos corpos e nas almas de milhões de pessoas durante o carnaval carioca.

Megumi é passista-show do Salgueiro e embora não seja mulata tem "um tufão nos quadris". Ela pertence a fechada elite das 20 salgueirenses que enlouquecem platéias em shows e no próprio Sambódromo com seus requebros, remelexos e ziriguiduns. Ao soltar a franga na frente da bateria, Megumi não fica devendo nada a um beija-flor quando está perante uma suculenta flor de mel: flutua no ar rodopiando sob o esguio corpo.

Massako já se enturmou completamente na vida musical carioca. Toca, dança e canta no grupo "Mulheres de Chico", que arrasta multidões com sambas de Chico Buarque; faz parte do Exalta Rey, grupo que reinventa canções de Roberto Carlos; e faz agora carreira solo com um CD de MPB gravado na Lapa. No palco, Maki, como é conhecida, tem muitas performances, mas a melhor é quando canto "Gago Apaixonado" de Noel Rosa em japonês. É hilário de Gouveia.

Taeko Kudo, mãe da passista do Salgueiro, ao ver que o terremoto havia a tudo destruído, reagiu com luminosidade. "Para acabar com nossa tristeza, vamos dançar samba", decretou. E assim, a menina de 9 anos começou a dar seus primeiros passos na arte do gingado.

Agora, aos 25 anos, Megumi é considerada a maior passista de samba do Japão, tem uma academia em Kobe; e é rainha da bateria da Escola de Samba Feijão Preto, a maior da cidade com 200 componentes. Muito simpática e sorridente, falando um português precário, mas cheio de gírias cariocas, ela se mudou em meados de 2010 para o morro do Salgueiro, na Tijuca, para melhor conhecer a comunidade da escola que tanto ama. Às vésperas desse carnaval, Megumi recebeu a visita da mãe Taeko, sua principal incentivadora; e do pai Takashi, que toca pandeiro, tamborim e surdo no Japão.

Megumi veio fazer seu primeiro estágio como passista aos 19 anos. Sozinha, foi morar em Cascadura e aprender a samba na Portela, que fica no bairro vizinho de Madureira. É mole?

Mas o Rio de Janeiro está cheio de japoneses (outros estrangeiros) apaixonados pelo samba. O fluxo musical e a ponte rítmica entre Rio e Tóquio, é bem maior do que todos nós podemos imaginar.

O Itamaraty não se dá conta desse grande riqueza de exportação que é o nosso samba. Sempre tratou do assunto como folclore e não como política cultural de Estado.

O Ministério da Cultura também tem um posicionamento totalmente míope, pra não dizer cego, diante do assunto. E olha que a ministra Anna de Holanda é uma "de Holanda"; ou seja: tem os pés no samba, gosta, conhece e canta samba muito bem.

Bem, mais essa história somente está começando, pois tudo que estou contando aqui está sendo documentado para um filme intitulado "Samba no Mundo".

Amanhã, vocês vão conhecer outros personagens riquíssimos desse tema. Conversamos com o professor Jair Martins de Miranda, que há 10 anos pesquisa as raízes do samba pelo mundo afora e é responsável pelo site WWW.sambaglobal.net . Professor Jair prepara agora sua tese do Doutorado sobre o assunto.

Também conversamos com o produtor e correspondente da revista LATINA, o midiático Tetsuya Hida, que está acompanhando uma equipa da TV Fuji.

Eles fazem um documentário sobre o engenheiro e administrador de empresa Keiji Nakajima, japonês de nascimento criado no Rio, diretor de alegoria do Salgueiro e da Império da Tijuca, que está ano desfilará com o enredo "O Samba no Mundo".

Esse assunto não se esgotará tão cedo nesse blog.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tudo bem com você ?
Muito bacana o seu projeto e eu fico muito feliz se ter participado.
Agora gostaria de corrigir o meu nome, pois o meu nome correto é MASAKO TANAKA.
Mas não uso esse nome mais,,,,,,,
O meu nome artiscito é MAKO.
Então, queria que você usasse esse nome, MAKO para as pessoas não se confundirem.
Obrigada !!!

luis turiba disse...

Turiba-san


Gostei do seu blog!


abs
tetsu