quarta-feira, 18 de maio de 2011

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS RECEBE O SAMBA DE NELSON CAVAQUINHO


ABL abre seu auditório para Monarco cantar sambas do mangueirense Nelson Cavaquinho

Por Luis Turiba

"Tire o seu sorriso do caminho/ que eu quero passar com minha dor". Qual o poeta acadêmico que não gostaria de ter bordado esse verso inesquecível na toalha de honra do cancioneiro popular brasileiro?

Pois hoje (18/05), em plena hora do almoço no Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Letras, casa de Machado de Assis, abriu suas portas e seu auditório para homenagear o compositor e poeta Nelson Cavaquinho, autor da música "A flor e o espinho", junto com Guilherme de Brito, e de tantos outros sambas que o povo brasileiro canta, se encanta e se eterniza.

Ficou por conta do cantor e compositor Monarco, da Velha Guarda da Portela, interpretar com emoção e personalidade única 20 canções de Cavaquinho, muito bem acompanhado do grupo "Samba de Fato", formado por Alfredo Del-Penho, Pedro Miranda, Paulino Francisco Dias e Pedro Amorim, todos bambas da nova Lapa.


O presidente da ABL, Marcos Vilaça, entregou ao filho de Nelson Cavaquinho, a Medalha Joaquim Nabuco. Monarco também foi homenageado com a mesma honraria.


"Queremos desfazer a imagem que somos elitista e só tratamos de coisas refinadas. Ou que somos um bando de velhos que tomam chá às cinco da tarde, vestem fardões e esperam um de nós morrer para eleger novo acadêmico. Nada disso. A Academia deve ter uma visão antropológica da cultura brasileira. Queremos interagir com a dança, música, artes plásticas", explicou Vilaça.


Para ele, o samba cumpre a função de inclusão social. "O escritor e acadêmico Joaquim Nabuco tinha essa preocupação também. Ele lutou pelo abolicionismo não só para libertar os negros, mas também para incluí-los. Ele queria incorporar a periferia ao mundo. Por isso, temos a honra de conceder a família de Nelson Cavaquinho, em sua memória, a Medalha Joaquim Nabuco."


Mestre Monarco fez um show lindíssimo. Cantou "Folhas Secas", "Luz Negra", "Rugas", "Quando eu me chamar saudade" e outros clássicos do mangueirense. E entre um samba e outro, contava uma historinha, quase sempre hilária de Nelson Cavaquinho, seu padrinho do segundo casamento.


"Nelson gostava de beber umas na tendinha de Dona Efigénia, no Buraco Quente da Mangueira. Mas ele era durona e cobrava até cusparada no chão. Ele gostava de cuspir e ela cobrar 50 reis. Nelson deu um bom dinheiro para pagar a cusparada, mas avisou: "Pode ficar com o troco, Cumade Efigenia, pois eu vou continuar cuspindo."


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