segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

BEIJA-FLOR PROMETE O MAIOR DESFILE DA HISTÓRIA

Todas as alegorias serão acopladas e abre-alas terá 60 metros, com 2 km de néon

POR DIEGO BARRETO

Rio - Se tamanho fosse um dos quesitos em julgamento no Carnaval de 2010, a Beija-Flor de Nilópolis sairia na frente entre as agremiações do Grupo Especial. Com o enredo 'Brilhante ao Sol do Novo Mundo, Brasília do Sonho à Realidade, a Capital da Esperança', a Azul e Branca prepara um desfile monumental para homenagear os 50 anos da capital federal. Disposta a conquistar seu 12º título, a Beija-Flor terá todas as alegorias acopladas. O abre-alas promete quebrar um recorde na Sapucaí: será o maior da História da agremiação. O orçamento da escola para este Carnaval já chega aos R$ 8 milhões.

 
Para conquistar seu 12º título, Beija-Flor trará alegorias acopladas e um abre-alas para quebrar um recorde na Sapucaí 
Matéria da Agência O Dia

O primeiro impacto será logo na abertura da escola: um abre-alas grandioso representará uma lenda dos índios goiases, uma das hipóteses para a origem de Brasília. "O carro terá três chassis acoplados num total de 60 metros, será o maior que a Beija-Flor já levou para a Avenida", revela o carnavalesco Alexandre Louzada.

Orçada em R$ 350 mil, a alegoria retrata a figura do deus Tupã, da deusa Jaci (a Lua) e do índio Paranoá. O carro terá dois quilômetros de lâmpadas de néon e fontes de água, representando as lágrimas de Jaci.

"A lenda conta que o índio Paranoá recebeu de Tupã, ainda menino, a missão de viver sozinho no cerrado, vigiado por Jaci. Conforme Paranoá cresce, Jaci se apaixona por ele, mas Tupã envia uma bela índia alada para seduzi-lo. Jaci se materializa como mulher, buscando seu amor. Isso desperta a ira de Tupã, que condena Jaci a voltar ao céu e nunca mais descer à Terra. As lágrimas apaixonadas de Jaci e Paranoá dão origem ao famoso lago de Brasília", detalha Alexandre Louzada.

A segunda alegoria da escola, que mostra a cidade egípcia de Akhetaton, pode ser literalmente chamada de 'faraônica'. Ornado com dezenas de esculturas de esfinges e outros elementos que remetem ao Egito Antigo, o carro foi reduzido para não criar problemas no desfile. Segundo Louzada, duas esculturas da alegoria precisaram ser cortadas para conseguir passar pela Sapucaí.

"Akhetaton guarda diversas semelhanças com Brasília, como ter sido planejada e erguida em apenas quatro anos. A cidade também tem o formato de um pássaro. Levantamos a questão de que ela teria sido fonte de inspiração para os arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, mesmo que inconscientemente. Tivemos que reduzir o tamanho, por que estava ultrapassando os 20 m de comprimento e não faria a curva para entrar na Avenida", conta.

Em outro carro, que mostrará a construção de Brasília, a escola usará um truque para retratar os milhares de operários que participaram da empreitada. "Durante a construção mais de 65 mil pessoas foram em busca do sonho de Brasília. Neste carro teremos 60 composições e mais 60 bonecos totalizando 120 'pessoas'. Será surpreendente, estamos usando muito ferro e espelho", revela Louzada.

O fim do desfile mostrará Brasília como grande caldeirão cultural. Artistas da cidade estarão neste setor. "Brasília mistura tudo. A cidade é um monumento a céu aberto, um patrimônio da humanidade. Costumo dizer que se Brasília não tem esquina, como dizem, ela é a esquina do Brasil. Por isso, estamos preparando um Carnaval mega. Nossa parte plástica vai do rústico ao luxo", diz o carnavalesco.

Assinando o seu quarto desfile na Beija-Flor, ele brinca com a repercussão que o gigantismo do carnaval nilopolitano já causa na Cidade do Samba. "Esse ano, todos começaram um pouco atrasados. Mas agora as coisas já ganham forma. Posso dizer que, quando a Beija-Flor estiver pronta, a Cidade do Samba vai tremer", conclui.

Alegorias não cabem dentro do barracão

Os 2.700 metros quadrados do barracão nº 11 da Cidade do Samba se tornaram insuficientes para abrigar o gigantismo da Beija-Flor. A direção da agremiação decidiu abrir os portões: parte das alegorias fica do lado de fora, no pátio.

"Aqui dentro não está mais cabendo nada, e os carros ainda nem estão montados. Acredito que até o desfile teremos que pôr mais coisas do lado de fora. O pessoal costuma dizer que o nosso barracão é a única favelinha na Cidade do Samba", brinca Louzada.

Por causa do tamanho dos carros, a escola já estuda um planejamento para a retirada das alegorias do Sambódromo no dia do desfile. "Como somos a última a desfilar, vamos voltar com as alegorias pela Avenida. O abre-alas deverá ficar parado na Apoteose".

Trunfo a sete chaves

Guardada a sete chaves, a comissão de frente da Beija-Flor é outra aposta da escola para conquistar pontuação máxima. Composto por 14 homens e uma mulher, o grupo vai representar o sonho de Dom Bosco. O custo da comissão de frente, comandada pela coreógrafa Gislaine Cavalcante, é o mesmo do abre-alas: R$ 350 mil. "Eles trazem a anunciação da terra prometida, remetendo ao sonho de Dom Bosco, que, em 1833, previu uma cidade próspera localizada entre os paralelos 15 e 20 no Hemisfério Sul. A comissão de frente está maravilhosamente bela", gaba-se Louzada.

A Beija-Flor será a última escola a se apresentar no domingo de Carnaval. A agremiação levará para a Avenida um total de 3.800 componentes divididos em 44 alas e oito carros alegóricos.

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