terça-feira, 12 de janeiro de 2010

PACOTÃO VAI CARNAVALIZAR O EBÓ QUE PEGOU ARRUDA


 
CARNAVAL SE APROXIMA E O BLOCO MAIS IRREVERENTE DE BRASÍLIA VAI DESFILE COM O ENREDO "REPUBLIQUETA DO PANETTONE"

 

Por Luis Turiba

 

O carnaval de Brasília sempre primou pela desanimação irreverente. Sacanear políticos vem sendo a tônica desde que, em 1978, jornalistas criaram a Sociedade  Armorial Patafísica Rusticano, Der Pakoton – ou simplesmente Pacotão.

 

Numa só cajadada, a marchinha do bloco desafiou e bagunçou os dois últimos generais-presidentes do ciclo ditatorial: Geisel e Figueiredo.

 

O bloco saiu pela contra-mão da W3 Norte com milhares de pessoas fantasiadas cantando: "Geisel você nos atalou/ O Figueiredo também vai atolar/ Ai Atola, vem nos salvar/ Que este governo já ficou gaga gagaga/ Geisel você nos atalou." A partir daí, o carnaval da capital ganhou sua identidade gaita.

 

Agora, então, depois do escândalo dos panettones do Arruda, do dinheiro imprudente nas meias do Prudente, do bolsão da Eurídes e da oração da propina, o Pacotão vai deitar e rolar. Volta com força total com uma marcha-frevo que já é uma espécie de sucesso cult entre os brasilienses: "Ebó no fiofó".

 

A música já está até gravada, toca em muitos lugares, porém, só será oficializada por Charles Preto, presidente do Pacotão, dia 23 no Bar do Zezinho da Rua Oito/Norte, reduto de estudantes, boêmios, artistas, anarquistas e intelectuais

 

Ebó, para quem não sabe, é aquele despacho brabo e fatal que leva galo preto, farofa amarela e velas vermelhas feito para Exus e entidades de ruas à meia-noite nas encruzilhadas. Laroyê!!!

 

A idéia da música surgiu no reveillon da Prainha, no Lago Sul, onde dezenas de terreiros de umbanda e candomblé se reúnem para saudar Iemanjá. A pergunta ficou no ar: quem teria feito o ebó que atingiu de uma só vez, via Durval Filmes, a parte mais evangélica e corrupta do governo do DF.

 

Para lançar a música, Charles Preto distribuirá 1560 Caixas de Pandora por pontos estratégicos da cidade, com o objetivo de recolher dinheiro para bancar o desfile do bloco.

 

"Não aceitamos recursos podre e não vamos desfilar na arapuca da Ceilândia. Se necessário, invadiremos a embaixada de Honduras, seguindo o exemplo de Zelaia, e lá faremos o melhor carnaval de todos os tempos", declarou Preto em entrevista coletiva.

 

Foi neste clima democraticamente polêmico, que Wilsonho Reggae, Ivan da Cuíca e Monsueto Jô se lembraram de um antigo samba de Noriel de Oliveira, onde um Preto Velho aconselha:

 

 "Oh mi fió dum jeito qui sunce tá/ só o home que pode te ajudá."

 

A partir daí, os três fizeram a marchinha que deve ser homologada dia 23 na festa da Rua Oito/Norte. Vá aprendendo. É assim:

 

EBÓ NO FIOFÓ

 

Quem foi, quem foi

Que fez esse ebó

Que derrubou Arruda

E de lambuja o P.O. (bis)

 

Não sei, não sei

O povo é quem diz

Quem fez esse ebó

Também vai derrubar Roriz

 

Refrão

 

Ebó no fiofó

Foi ebó no fiofó

Ebó no fiofó

Foi ebó no fiofó

 

 

 

 

Um comentário:

Amneres disse...

A marchinha está uma delícia, querido poeta, vamos nos encontrar no dia 23 na rua oito e começar a botar o bloco na rua. Grande beijo,

Amneres